As autoridades brasileiras consideram zerar a tarifa de importação de etanol para facilitar as negociações em curso do acordo bilateral com os EUA.
A eliminação de tarifas do etanol é defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Marcos Fava Neves, professor de Estratégia e Agronegócio, da USP-Ribeirão Preto, disse que a medida pode até beneficiar o consumidor final, mas prejudica a indústria brasileira do etanol.
"Para o povo brasileiro é benéfica, porque você tem produto mais barato e vai baratear o combustível. Agora para a indústria brasileira produtora de etanol, seja ela de milho como de cana, é uma ameaça", disse.
Justamente por isso, o Ministério da Agricultura se opõe e defende a renovação da atual cota de importação. A ministra Tereza Cristina disse qualquer abertura de mercado será feita gradualmente para não afetar o setor de etanol no Brasil.
Marcos Fava Neves disse que o governo brasileiro poderia exigir uma contrapartida do governo dos Estados Unidos e fazer com que se permita a entrada do açúcar produzido no Brasil sem tarifas.
"Nós teríamos muito a ganhar com o acesso ao mercado americano de açúcar, quem mais ganharia seriam as indústrias de alimentos e bebidas nos EUA que pagariam um açúcar mais barato do que eles pagam hoje com todas as tarifas", destacou.
Em agosto de 2017, o governo do Brasil aplicou uma tarifa de 20% sobre os embarques de etanol dos EUA que excedem a cota anual de 600 milhões de litros, após as importações dos EUA terem deteriorado os preços locais.
O setor de etanol dos Estados Unidos vem sofrendo desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciar a guerra comercial com a China, até então maior comprador do etanol estadunidense.