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Declaração de Bolsonaro sobre ONGs na Amazônia não possui embasamento técnico, diz especialista

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro voltou a atacar ONGs ambientais nesta quarta-feira (21).
Sputnik

Bolsonaro disse que o aumento de incêndios na região da Amazônia, registrado nas últimas semanas, pode ser resultado de uma ação criminosa de Organizações Não Governamentais (ONGs) ambientais.

Segundo o presidente, a razão para a suposta ação destas ONGs estaria relacionada ao corte de recursos promovidos pela Alemanha e a Noruega após a divulgação das taxas de desmatamento na região.

"O crime existe e temos que fazer com que esse crime não aumente. Mas nós tiramos dinheiro de ONGs, repasses de fora, dos quais 40% iam para ONGs, não tem mais, acabamos com repasses de órgão públicos para ONGs, de modo que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro", disse o presidente. "Então, pode estar havendo ação criminosa desses 'ongueiros' para chamar atenção contra a minha pessoa, contra o governo do Brasil. Essa é a guerra que estamos enfrentando”.

Sérgio Margulis, doutor em Economia do Meio Ambiente e ex-presidente da FEEMA (atual INEA), criticou duramente o presidente e disse que Bolsonaro não apresenta dados para justificar sua acusação.

"Sem sombra de dúvida é mais uma declaração do presidente que deixa todo mundo de cabelo em pé. São afirmações sem o menor embasamento técnico, absolutamente nenhuma justificativa, nenhuma ciência por trás", disse à Sputnik Brasil.

Margulis acredita que o objetivo de Bolsonaro é confundir para dar a impressão de que a preservação do meio ambiente não seja algo importante.

"A gente está começando a perceber que o objetivo é tornar irreal qualquer coisa que esteja acontecendo na Amazônia porque os disparates e mentiras, sem qualquer preocupação com a análise dos fatos e realidade científicas, é para confundir e tornar o assunto uma palhaçada e não um assunto da maior premência possível", comentou.

De acordo com Sérgio Margulis, as falas de Bolsonaro têm como objetivo ir contra a preservação do meio ambiente.

"Isso é completamente equivocado, uma estratégia sem sentido que esconde um objetivo outro que é realmente ir contra o bom senso, que é a preocupação do meio ambiente", completou.

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