Nesta manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou um balanço mostrando um crescimento de 0,4% no Produto Interno Bruto do país entre os meses de abril e junho, na comparação com o período compreendido entre janeiro e março.
A notícia pegou muitos analistas de surpresa, em um momento onde se discutia a possibilidade de o Brasil entrar em uma recessão técnica.
De acordo com o professor de Economia Agostinho Celso Pascalicchio, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, os dados surpreendentes publicados nesta quinta-feira afastam, no momento, os riscos de uma recessão técnica, mas ainda estão longe de representar um alívio para a economia brasileira. Em entrevista à Sputnik Brasil, ele explica que, apesar da boa notícia, o país ainda segue com um ritmo de crescimento muito baixo, muito aquém de suas potencialidades.
"Nós aguardamos a continuidade das reformas, aguardamos com ansiedade que essas reformas venham até com rapidez. A equipe econômica poderia agilizar, sem dúvida, as reformas, para que pudesse, então, mostrar resultados mais significativos com relação ao crescimento do país", afirmou o especialista.
Segundo o acadêmico, além das reformas previdenciária, tributária e política, o Brasil, para crescer de maneira significativa, necessita também de um plano forte de investimentos em infraestrutura e precisa que o governo mostre novas fontes de receita, como, por exemplo, recolhimentos compulsórios que estão no Banco Central.
"Porque as taxas de crescimento ainda estão muito fracas. Se bem que positivas, continuam num ritmo abaixo do crescimento populacional, do crescimento vegetativo da população."
O economista da Mackenzie avalia que as atuais projeções de crescimento do PIB no ano, em torno de 0,8%, se equivalem à taxa de crescimento populacional do país, o que anularia esse saldo positivo caso esse cenário se confirme.
"Se nós compararmos, corresponderia a um crescimento de 0%, por exemplo. O Brasil precisa crescer acima do crescimento populacional. E nisso, somado a anos em que o PIB variou negativamente, nós temos ainda a perspectiva de continuidade de um PIB per capita em redução. Ou seja, taxa negativa de crescimento."