Ganho do Brasil com guerra comercial entre EUA e China não será a longo prazo, diz economista

A consultoria Fitch Solutions classificou o Brasil como o maior vencedor entre a guerra comercial entre Estados Unidos e China.
Sputnik

Segundo a Fitch Solutions, desde o início da guerra comercial os chineses têm buscado outros países para comprarem produtos agrícolas e o Brasil se configurou como um dos principais fornecedores dos chineses.

No entanto, para a economista Maria Beatriz de Albuquerque David, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a análise da Fitch Solutions não leva em consideração que a guerra comercial está provocando um menor crescimento da economia mundial.

"Ninguém é vencedor dessa briga porque ela está provocando uma recessão em escala mundial. Mesmo que a China passe a transferir qualquer importação de alimentos ao Brasil, é um ganho que pode ser minorado pelo menor crescimento da economia mundial porque pode ter uma redução da demanda geral por produtos do agronegócio brasileiro", disse à Sputnik Brasil.

Maria Beatriz de Albuquerque David disse que o Brasil pode até se beneficiar, mas no curto prazo.

"[O Brasil] é ganhador no curtíssimo prazo, mas todo mundo tende a perder com a briga dos dois gigantes da economia mundial", afirmou.

As exportações de carne suína brasileira para China aumentaram 107% em julho, em comparação com base anual. Maria Beatriz de Albuquerque David destaca que cada vez mais os chineses estão exigindo sustentabilidade dos produtos brasileiros.

"Em teoria o Brasil teria [condições de atender a demanda do mercado chinês] porque pode aumentar a produtividade em áreas ocupadas e pode até ocupar outras áreas, mas o que está se falando, independente disso é que a China vai cada vez exigir sustentabilidade dos produtos que ela compra porque isso tem um impacto em seus consumidores", completou.

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