O PIB do segundo trimestre, com o avanço de 0,4% e o dobro das projeções das principais instituições financeiras, surpreendeu o mercado. No entanto, o Brasil segue se recuperando em um ritmo muito baixo, apesar das reformas liberais empreendidas pelos dois últimos governos.
A taxa de investimento do país, por exemplo, que mede o nível de investimentos de empresas e do governo, segue muito abaixo dos patamares pré-crise.
Em 2018, o indicador de Formação Bruta de Capital Fixo, que mede recursos para a aquisição de máquinas e equipamentos, e para projetos de construção e inovação, foi de 15,8% do PIB, um dos menores do mundo.
Para Marcel Balassiano, economista da FGV-Ibre – Instituto Brasileiro de Economia, que conversou com Sputnik Brasil, a recuperação está, de fato, sendo muito lenta. Pare ele, esse é o reflexo de quatro anos de crescimento negativo e não há outra saída, a não ser seguir com as reformas apresentadas pelo governo, a começar pela Reforma da Previdência.
"A Reforma da Previdência é para a gente parar de piorar. Para a gente crescer mais, outras reformas precisam ser feitas, de modo a atrair mais investimentos", disse o economista.
Para ele, há muito caminho pela frente, e a jornada não será fácil, em função do fator político envolvido no processo.
"A Reforma Tributária é a bola da vez no Congresso, uma simplificação tributária é importante para os investimentos voltarem. O ambiente dos negócios no Brasil, uma melhoria nesse setor é importante para o pais se desenvolver mais. A MP da Liberdade Econômica vai nesse sentido de desburocratizar de simplificar um pouco para os negócios", explicou o especialista.
No entanto, o país ainda deve demorar para retomar um ritmo mais acelerado de crescimento, pois todas as medidas mais eficientes são de longo prazo. Já as medidas de curto prazo, como a redução da taxa de juros básicos, hoje uma das mais baixas no ciclo histórico do país, já foram adotadas e não estão surtindo o efeito desejado.
"O aspecto negativo é que essas reformas demandam tempo, precisam de aprovação do Congresso, ou seja, mais tempo ainda. E os benefícios delas só virão mais pra frente. E nos temos um problema muito grave hoje em dia que são os 13 milhões de desempregados, além de outros milhões de desalentados, que desistiram de procurar emprego", acrescentou Balassiano.
Não chore ainda não
O professor dos cursos de MBA da Fundação Getúlio Vargas, Mauro Rochlin, concordou com a avaliação de seu colega da FGV.
Em entrevista para Sputnik Brasil, Rochlin lembrou que há menos de 10 anos a taxa de investimento do Brasil já chegou a 22%. Portanto, o atual nível do índice no país certamente é motivo de preocupação.
Para o professor, o governo precisa avançar as reformas econômicas e partir para o desenvolvimento do setor de infraestrutura e do setor de petróleo gás. Essa seria a forma mais eficaz de retornar à dianteira no que tange o investimento estrangeiro.
No entanto, o interlocutor da Sputnik salientou que as ferramentas estão disponíveis e que, apesar da crise, o Brasil ainda é um grande polo de atração de investimentos estrangeiros.
"O Brasil ainda é um país que atrai investimento produtivo estrangeiro em grande monta. A gente tem entrada que varia entre US$ 80 e 90 bilhões anuais de investimento estrangeiro direto. Brasil já foi um dos grandes destinos deste capital e tem todas as condições de se manter na dianteira dos países que atraem capital estrangeiro", declarou o acadêmico.