A notícia surge um mês após a decisão do presidente da AP, Mahmoud Abbas, de suspender todos os acordos com Israel, e semanas depois de o recém-nomeado primeiro-ministro Mohammad Shtayyeh ter feito uma declaração no Twitter dizendo que lidaria "com todas as terras pertencentes ao Estado da Palestina como a Área A, incluindo Jerusalém Oriental ocupada".
Sob o controle total da AP, a Área A compreende 18% da Cisjordânia e inclui todas as grandes cidades palestinas. A zona B (22% da Cisjordânia) está sob controle de segurança israelense e administração palestina. Já a Área C abrange 60% das terras da Cisjordânia, mas é escassamente povoada e está sob total controle israelense.
O pronunciamento, se for levado à prática, terminará a atual divisão da Cisjordânia em áreas A, B, e C, como estabelecido nos Acordos de Oslo, assinados pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e Israel em 1993 e 1995.
Israel ainda não respondeu formalmente ao anúncio, embora seja pouco provável que Tel Aviv abandone seu controle da Área C e de Jerusalém Oriental, ainda mais com a política do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de constante expansão dos territórios.
Em junho, Netanyahu também declarou que qualquer futuro acordo de paz deve garantir uma presença israelense no vale da Jordânia, que constitui grande parte da Área C.
A menos que Israel desencadeie um conflito anexando completamente a Área C, ou a que AP siga sua declaração e tente reorganizar a Cisjordânia pela força, as palavras de Abbas provavelmente continuarão sendo simbólicas por enquanto.
Órgão de autogoverno interino palestino
Estabelecido em 1994, a Autoridade Palestina (AP) é um órgão provisório para governar a Faixa de Gaza e as Áreas A e B da Cisjordânia, como consequência dos Acordos de Oslo de 1993.
Após as eleições de 2006 e o subsequente conflito de Gaza entre os partidos políticos palestinos rivais, Fatah e Hamas, a sua autoridade se estende apenas nas áreas A e B da Cisjordânia.