Israa Ghrayeb, de 21 anos, faleceu no último dia 22 de um suposto AVC, segundo sua família, em Beit Sahour, perto de Belém, no sul da Cisjordânia ocupada. Mas, de acordo com a AFP, vários palestinos acreditam que ela tenha sido vítima de um crime de honra, e, por isso, pedem que a polícia torne pública a investigação do caso.
Manifestantes em frente ao escritório do primeiro-ministro em Ramallah exigindo justiça por Israa Ghrayeb e proteção para mulheres contra violência e discriminação. Os crimes de "honra" são assassinatos premeditados desonrosos.
Mídias locais sugerem que a jovem poderia ter sido assassinada por familiares após a publicação de uma foto dela, com um suposto pretendente, no Instagram, mesmo após a família ter concordado com um encontro dos dois.
Logo após as primeiras suspeitas sobre o incidente, uma hashtag intitulada #weareallisraa (somos todos Israa) apareceu nas redes sociais pedindo justiça em nome de Ghrayeb e de todas as outras vítimas de crimes de honra.
"O diabo está na sua cabeça, não nos corpos das mulheres." (via Babyfist)
Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina, Mohammad Shtayyeh, anunciou que várias pessoas haviam sido detidas e interrogadas pela polícia.
Em declarações à AFP, a política local Majida al-Masri argumentou que a manifestação organizada pelas mulheres palestinas não é apenas para que os responsáveis pelo suposto crime sejam processados, mas também para que o governo assuma suas responsabilidades protegendo legalmente as famílias.
A reivindicação de Masri é a de que presidente palestino, Mahmoud Abbas, altere, como prometido, o Código Penal da Jordânia de 1960, em vigor na Cisjordânia, que ainda considera a defesa da "honra" como uma circunstância atenuante em um homicídio.
De acordo com uma ONG citada pela agência, especializada no monitoramento da violência contra mulheres na Cisjordânia e Gaza, ao menos 23 feminicídios foram relatados em 2018 e pelo menos 18 já ocorreram em 2019 nessas regiões.