O colunista da Sputnik Andrei Kots opina que os EUA estão se preparando para se defender dos mísseis hipersônicos russos Kinzhal e Avangard.
Projetos em perspectiva
A Agência de Projetos Avançados de Defesa (DARPA) e a Agência de Defesa de Mísseis (MDA) dos EUA anunciaram em novembro de 2018 um concurso para projetos de sistemas capazes de interceptar alvos aerobalísticos e aerodinâmicos hipersônicos.
Como resultado, a empresa Lockheed Martin recebeu um contrato de US$ 4,4 milhões (R$ 18 milhões) para desenvolver o conceito Valkyrie Interceptor Terminal Hypersonic Defense que, segundo a mídia americana, seria capaz de acabar com as vantagens da Rússia e da China nesse setor. O projeto está previsto para ser implementado até 2 de maio de 2020.
Já a companhia Raytheon Missile Systems fechou um contrato para o desenvolvimento do sistema SM-3-HAWK no total de 4,4 milhões de euros (R$ 19,8 milhões).
Trata-se do ulterior desenvolvimento dos mísseis guiados antiaéreos Standart, com o sistema de informação e controlo de combate Aegis, concebidos para destruir diversos tipos de alvos em diferentes altitudes. Apesar dos protestos de Moscou, os americanos planejam concluir a instalação desses sistemas antimísseis terrestres e marítimos no norte e no sul da Europa até 2020.
Entretanto a Boeing Corporation assinou um contrato de US$ 4,3 milhões (R$ 17 milhões) para desenvolver o Conceito de Interceptor de Hipervelocidade para Armas Hipersônicas (HYVINT). A empresa tem experiência de trabalho com a hipervelocidade, tendo desenvolvido um míssil de cruzeiro hipersônico. De acordo com os dados mais recentes, esse míssil só entrará em funcionamento em 2020.
Base espacial
"Temos que enfrentar as ameaças hipersônicas regionais da Rússia e da China. Isto não está relacionado com os mísseis balísticos intercontinentais. Esses alvos são mais difíceis de detectar, por isso temos que estar mais perto do local de lançamento […] Também precisamos de uma cobertura mais ampla", disse o vice-secretário de Defesa dos EUA, Michael Griffin, em janeiro deste ano.
Em relação à possível implantação de interceptores no espaço, Griffin afirmou que um estudo separado será dedicado a esta questão, incluindo a eficiência e o custo da implantação de tais sistemas.
Para o analista Kots, é provável que a Raytheon, a Boeing e a Lockheed Martin considerem opções de baseamento espacial ao desenvolver os conceitos para interceptores de armas hipersônicas.
Sistemas avançados
No início de setembro, o Pentágono anunciou o lançamento de um estudo de mercado sobre o desenvolvimento de armas de energia dirigida para proteger as bases aéreas dos mísseis de cruzeiro.
O autor do artigo acredita que isso provavelmente se deve à implantação maciça da família de mísseis de cruzeiro russos Kalibr da Marinha russa, bem como ao desenvolvimento de sistemas de ataque semelhantes na China.
O Departamento de Defesa americano convocou as empresas de defesa a participar do programa, fornecendo conceitos e soluções técnicas para lasers de alta energia (High Energy Lasers) e sistemas de micro-ondas de alta potência (High-Power Microwave Systems) para lidar com essa ameaça. Os testes estão programados para começar no ano fiscal de 2020, segundo o jornalista.
Kots explica que é esperado que esses sistemas sejam utilizados para proteger bases aéreas avançadas, trabalhando em conjunto com sistemas "clássicos" de defesa antiaérea e antimíssil.
Em março, representantes do Ministério da Defesa e das Forças Armadas dos EUA solicitaram a inclusão de US$ 34 milhões (R$ 139 milhões) no orçamento de 2020 para as armas de feixes de forma a testá-las no espaço em 2023.
Griffin informou, em novembro do ano passado, que o Exército dos EUA receberá armas a laser de alta potência em alguns anos, caso o Estado aumente seus investimentos no setor.
Em dezembro de 2018, os sistemas de combate a laser russos Peresvet foram colocados em serviço experimental na Rússia. Segundo especialistas, esses sistemas resolvem tarefas de defesa aérea e de mísseis, bem como de luta contra veículos aéreos não tripulados, o que provavelmente teria resultado na decisão do Pentágono em recuperar o atraso nesta área, sugere o colunista.