À medida que a empresa acelera a construção de seu próprio ecossistema e investe em tecnologias essenciais, os esforços para reduzir a dependência das tecnologias dos EUA também serão um duro golpe para algumas empresas de tecnologia norte americanas, revelou um artigo publicado no jornal Global Times.
A justiça norte-americana tem atacado a Huawei. Em um dos casos mais recentes, um professor chinês foi acusado por procuradores de "roubar" tecnologia de uma empresa sediada na Califórnia para beneficiar a Huawei, segundo a Reuters.
Embora a Huawei não tenha sido acusada, a empresa considera o caso como um exemplo de "processo seletivo" do governo dos EUA.
A Huawei informou nesta terça-feira que o governo dos EUA devolveu um lote de equipamentos de telecomunicações apreendido há dois anos, e a empresa desistiu de sua ação contra o governo dos EUA.
Comentando sobre a devolução dos produtos da Huawei, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse na terça-feira que os EUA de fato admitiram a ilegalidade e arbitrariedade de sua ação, o que foi vergonhoso e antiético.
Em maio, o Departamento de Comércio dos EUA colocou a Huawei em uma lista negra que poderia impedir o Google de fornecer serviços do sistema Android.
A Microsoft apoiou a Huawei, argumentando que as atuais sanções contra a gigante chinesa da tecnologia são "anti-americanas", de acordo com relatos da mídia local. O presidente da Microsoft disse que as ações do governo dos EUA não devem ser tomadas sem "bases findamentadas em lógica e os ditames da lei".
Desde a lista negra da Huawei, o Departamento de Comércio dos EUA recebeu mais de 130 pedidos de licença para vender à Huawei, informou a Reuters, citando fontes privilegiadas. Analistas disseram que a Huawei está preparada, caso os EUA decidam contra o relaxamento de suas restrições, mas sugeriram que as empresas americanas talvez não estejam preparadas para o pior cenário.
Enquanto a Huawei lançará em breve um smartphone livre de aplicativos do Google, a empresa está acelerando o desenvolvimento de seu próprio Map Kit, equivalente ao Google Maps. O serviço está sendo lançado para desenvolvedores estrangeiros, o que lhes permitirá desenvolver novos aplicativos e expandir os recursos do mapa. O Map Kit será lançado em outubro.
Empresas americanas saem perdendo
A empresa vem colocando em prática suas tecnologias, incluindo chipsets e seu sistema operacional (SO), refletindo a forte determinação de seguir em frente, apesar da lista negra dos EUA.
Jia Mo, analista da Canalys, disse ao Global Times na terça-feira que, dada a participação de mercado da Huawei na China e no exterior, seus esforços intensificados para construir seu próprio ecossistema representarão um grande desafio para seus atuais fornecedores nos EUA, como Google.
Uma análise do ITIF dos limites potenciais de exportação de tecnologias emergentes mostra que, dependendo da severidade dos controles, as empresas americanas podem perder US$ 14 a US$ 56 bilhões em vendas de exportação em cinco anos, ameaçando entre 18 mil a 74 mil empregos.
Colocar a Huawei na lista negra terá ramificações significativas para fornecedores dos EUA, que fornecem cerca de um sétimo dos componentes da empresa chinesa.
Dos 70 bilhões de dólares que a Huawei gastou na compra de componentes em 2018, cerca de 11 bilhões foram para empresas americanas, como Qualcomm, Intel Corp e Micron Technology, de acordo com a própria empresa chinesa.
"A Huawei não planeja se render à repressão dos EUA desde o início. Ela só avançará mais rápido", disse Jiang Junmu, analista veterano da indústria, ao Global Times.