Resíduos de cobre de 3.000 anos provam que reino bíblico existiu, diz estudo

Escavações de antigas minas de cobre acrescentaram peso ao relato bíblico de um reino que existia antes de Israel – uma grande descoberta para uma região onde a arqueologia é tão importante histórica e politicamente.
Sputnik

Análises das minas de cobre em Edom – uma área histórica nas modernas nações da Jordânia e Israel ao sul do mar Morto – são vistas como evidência de que o estado mencionado no primeiro livro da Bíblia cristã, o Gênesis, existiu. Edom aparece no livro como um estado que existia "antes dos reis governarem os filhos de Israel".

A palavra hebraica Edom significa "vermelho", e o nome da área está associado a Esaú, o filho mais velho do patriarca Isaac, porque ele tinha um olhar avermelhado no nascimento. Aliás, a paisagem montanhosa de Edom brilha com uma tonalidade avermelhada.

A terra é rica em cobre e já foi o lar de muitos em busca de minas de cobre. Pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego e da Universidade de Tel Aviv estudaram pilhas de resíduos deixadas nas minas de cobre nos dois principais centros de produção, Faynan e Timna, localizados a cerca de 100 quilômetros de distância um do outro.

Produção de cobre

A pesquisa concluiu que o início da produção de cobre provavelmente começou na região com o Novo Reino Egípcio, então superpotência regional, por volta do século XIII a.C.

Os egípcios teriam sido levados a abandonar Edom após o declínio da civilização em meados do século XII a.C., quando o Mediterrâneo Oriental atravessava o período misterioso do colapso da Idade do Bronze Final. No entanto, a produção de metais ainda continuou em Edom após a saída do Egito "em uma escala industrial" e até melhorou.

Uma comparação entre os dados de Faynan e Timna mostrou que os dois locais deram um "salto tecnológico" na tecnologia de fundição ao mesmo tempo, algo que os pesquisadores dizem indicar que ambos eram geridos por uma autoridade central.

"O impressionante acordo síncrono entre a tecnologia em Timna e Faynan, evidente já no século XI a.C. [...] sugere que um órgão político abrangente já existia na região neste momento", diz o estudo. "Uma maior centralização deste corpo político é evidente nas mudanças observadas em relação a 1000 a.C.".

Discussão científica

Os dois locais teriam começado simultaneamente a introduzir fortificações, o que foi provavelmente ditado pela necessidade de defesa do Estado contra inimigos externos.

Esta nova teoria desafia a visão de muitos arqueólogos de que a terra foi povoada por uma aliança perdida de tribos na virada do primeiro milênio a.C., e se enquadra na história bíblica de um reino edomita.

Não há consenso universal sobre as conclusões do estudo. "Podem os nômades do deserto, mesmo uma formação territorial de nômades do deserto, sem centros urbanos, ser descritos como um 'reino'?", indagou Israel Finkelstein, um arqueólogo da Universidade de Tel Aviv ao The Times.

O professor Tom Levy, da Universidade da Califórnia, autor do estudo, ressaltou que a pesquisa se baseou em uma arqueologia mista com ciência da computação, engenharia e ciências naturais.

"Os dados nos levaram a um lugar onde o registro arqueológico realmente coincide com muitos aspectos da Bíblia Hebraica e do Edom bíblico. Isto foi uma surpresa para nós", concluiu o professor.

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