"A aplicação de medidas coercivas no âmbito do TIAR e a ameaça militar que o TIAR representa é dirigida precisamente contra toda a República, mas principalmente visa torpedear os avanços que o diálogo político nacional vem fazendo", disse Roy Daza, do Comitê de Assuntos Internacionais do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), à Sputnik Mundo.
Parte da oposição e representantes do governo iniciaram no dia 16 de setembro um processo de diálogo que resultou na libertação do vice-presidente da Assembleia Nacional, Edgar Zambrano, detido durante cinco meses e acusado de traição.
Para Daza, estes passos são um sinal positivo que pode levar o país a uma solução para a crise política que enfrenta desde o início de 2019.
Ação conjunta de forças
Após a incorporação dos deputados pró-governo, ressaltou o político, o objetivo seria buscar a forma de levantar a sentença contra a Assembleia, acusada de ignorar os demais poderes públicos, para que os legisladores possam posteriormente reestruturar o Conselho Nacional Eleitoral. No entanto, ele considerou que esses passos, visando uma ação conjunta das forças da oposição e do governo, não agradam aos países interessados em um conflito na Venezuela.
Por causa disso, explica Daza, os países membros do TIAR começaram a tomar medidas contra o governo e invocaram a aplicação do tratado "para tentar justificar legalmente uma ação de invasão militar da Venezuela, antes que o panorama de conflito no país mude".
"Acredito que algo terrivelmente prejudicial para a nação venezuelana está sendo preparado pelos governos que assinaram esta decisão de invocar o TIAR para atacar a Venezuela", destacou o analista.
Na opinião do especialista, a medida do Uruguai de iniciar sua saída do tratado é uma "decisão digna e correta no sentido de tentar evitar um confronto militar na América Latina e no Caribe".
O analista também ressaltou que essas ações contra Caracas abriram um perigoso precedente para a região.
"Isso abre um precedente de que, quando um governo da região não for do agrado do presidente dos Estados Unidos, invocará o TIAR, o invadirá e aplicará as medidas sancionatórias que estão aplicando atualmente à Venezuela", destacou.
Crise política
A crise venezuelana se agravou desde o início deste ano, quando o presidente venezuelano Nicolás Maduro tomou posse do seu segundo mandato presidencial e, em seguida, o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino em desafio à autoridade presidencial, recebendo o apoio de 54 países.