Contudo, a verdadeira sensação foi a demonstração de vários novíssimos sistemas de mísseis.
A maior atenção dos especialistas foi atraída pelo drone de reconhecimento supersônico WZ-8, pelos sistemas de mísseis com ogiva hipersônica DF-17, pelo míssil de cruzeiro supersônico DF-100 e pelo míssil intercontinental DF-41. Nenhum destes sistemas tinha sido exibido anteriormente. Dmitry Kornev, especialista militar da Sputnik, analisou o material militar exibido pela China.
Drone de reconhecimento WZ-8 sem análogos no mundo
Sobre o novíssimo drone de reconhecimento WZ-8, apresentado pela primeira vez ao público, praticamente não há informações credíveis. Apenas se pode tirar algumas conclusões acerca de suas capacidades com base em seu aspecto exterior, dimensões e os poucos dados existentes na Internet. O aparelho foi concebido com o esquema aerodinâmico de tailless aircraft (aeronave sem cauda). Um aspecto bastante invulgar é que, segundo a aparência, tal como os mísseis de cruzeiro soviéticos dos anos 1960-1970, o aparelho está equipado com um motor de foguete de duas câmaras a combustível líquido.
Também é de notar que este aparelho não é lançado de um dispositivo no solo, mas de um portador aéreo – isso é indicado pelos elementos de suspensão na parte superior da fuselagem do drone. Podemos supor que o aparelho possui uma elevada velocidade supersônica, provavelmente de Mach 2 ou 3. A altitude de voo provável do WZ-8 pode ser de 20.000 m ou superior, enquanto seu alcance, considerando as dimensões e a possível reserva de combustível, pode ser de até 800 km.
É bastante possível que o aparelho funcione em dois regimes: ele voará em baixa velocidade econômica fora do território inimigo e um voo de alta velocidade durante o reconhecimento de objetivos dentro da área de alcance da defesa antiaérea inimiga. Dessa forma, graças à alta qualidade aerodinâmica do aparelho pode ser obtido um alcance ainda maior. Além disso, tem de se considerar também o alcance do avião-portador.
Temos de referir que as forças armadas modernas das maiores potências militares mundiais não possuem esse tipo de aparelhos em seus armamentos. A destruição de um aparelho desses pelos sistemas atuais de defesa antiaérea será uma tarefa difícil, mas possível. Se o lado defensivo não possuir uma defesa antiaérea moderna, então é muito provável que os voos desses drones de reconhecimento fiquem totalmente impunes.
Míssil de cruzeiro supersônico DF-100 é um avanço dos cientistas chineses
Nem a imprensa, nem quaisquer outras fontes abertas publicaram informações relativas às capacidades desses mísseis ou ao seu aspecto, mas provavelmente se trata de um sistema de armas que já está, pelo menos, passando por testes de combate, pois já foi apresentado no desfile em quantidade apreciável – os espectadores viram 16 lançadores.
Considerando a pintura de camuflagem verde dos lançadores, eles pertencem às Forças Terrestres ou às forças estratégicas de baseamento terrestre do Exército de Libertação Popular da China. As dimensões dos contentores sugerem que o alcance desses mísseis pode ser de 500 km ou mais.
Os mísseis de cruzeiro supersônicos modernos são alvos extremamente difíceis de atingir para qualquer sistema de defesa antiaérea moderno, pois podem se deslocar a velocidades muito altas em baixa altitude, por isso são difíceis de detectar pelos radares e os sistemas antiaéreos ficam com muito pouco tempo para os destruir. Além disso, um míssil desses pode manobrar, evitando os mísseis antiaéreos e atrapalhando sua pontaria.
Supostamente, pelas suas qualidades o novo sistema de mísseis chinês é semelhante ao sistema russo Bastion com mísseis supersônicos Oniks e provavelmente, tal como o sistema russo, poderia atingir alvos refletores de ondas de rádio tanto terrestres como marítimos de superfície.
O surgimento de tal sistema de armas indicia êxitos significativos da ciência e tecnologia chinesas no desenvolvimento de aparelhos voadores supersônicos.
Sistema de mísseis hipersônicos DF-17: China ultrapassou Rússia e EUA?
Parece que esta foi a maior sensação do desfile. Pela primeira vez foi mostrado um novíssimo sistema chinês de mísseis de médio alcance com ogiva hipersônica planadora sobre lançadores móveis, e também em uma quantidade de 16 unidades. Isso sugere, no mínimo, que a China já passou dos trabalhos experimentais na área de criação de sistemas de mísseis hipersônicos para a sua adoção pelas unidades militares. Entretanto, neste caso foi demonstrado um sistema de médio alcance (o raio de ação do sistema é avaliado em 1.800 a 2.500 km) cuja criação esteve proibida, até há pouco tempo, tanto para a Rússia como para os EUA. Fica a impressão que a China ultrapassou consideravelmente os seus dois parceiros estratégicos.
As capacidades de um sistema de mísseis moderno desse tipo ainda não são totalmente claras, mas podemos falar com segurança que tal ogiva, em fase final de voo, será um alvo extremamente difícil para qualquer sistema antimíssil atual. Pois os seus lados fortes serão sua grande velocidade de voo hipersônica (superior a Mach 5) e a altura relativamente baixa da trajetória aerobalística, ou seja, uma detecção tardia e um tempo mínimo de reação dos sistemas de defesa.
Míssil intercontinental DF-41: quase igual ao Yars russo
Já há vários anos que se sabia da existência na China de um novo grande míssil balístico intercontinental (ICBM) móvel. De tempos em tempos blogs militares chineses publicavam fotografias esporádicas do lançador de tal míssil e alguns dados sobre as características do novo ICBM. Mas eis que, finalmente, o DF-41 foi mostrado durante o desfile, e penso que nos próximos dias serão divulgados dados mais exatos sobre suas capacidades.
A análise prévia dos especialistas refere que o DF-41 é um ICBM móvel moderno a combustível sólido com dimensões próximas às do sistema russo Yars. Penso que, considerando o início mais tardio dos trabalhos de criação do míssil chinês e a maior habilidade da China para absorver todos os avanços tecnológicos das principais potências mundiais, o DF-41 poderá realmente ser um dos ICBM mais desenvolvidos do mundo.
Considera-se que este ICBM porta entre 6 e 10 ogivas de orientação individual com alcance de 12 a 15 mil quilômetros e pode, respectivamente, atingir alvos tanto em todo o território da Eurásia, como do outro lado do oceano.
Também podemos referir os evidentes êxitos dos construtores de mísseis chineses na criação de sistemas de mísseis de um nível de topo: tudo aquilo que antes apenas víamos nos sistemas móveis de ICBM russos, agora já foi integrado no sistema DF-41 chinês. Não é de admirar que tal sistema de mísseis já faça parte do arsenal do Exército de Libertação Popular e, provavelmente, mais tarde se torne no principal sistema de mísseis intercontinentais das forças estratégicas da China.