O texto também compara o PSL ao Partido da Causa Operária (PCO) no quesito transparência: "O partido figura como último colocado da série, ostentando a vergonhosa nota ZERO, ao lado do PCO".
Bolsonaro e os demais signatários da carta pedem para que a sigla forneça documentos e informações sobre as contas partidárias dos últimos cinco anos, incluindo os dados parciais de 2019.
Segundo o ofício, as contas do PSL "encontram-se em situação grave". Os parlamentares citam um ranking feito pela Organização Governamental Transparência Partidária.
Entre os autores do documento estão dois filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro. O objetivo é auditar as contas para conferir se a aplicação dos recursos públicos recebidos pelo PSL está correta.
Com os informações, os advogados do presidente pretendem acionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para pedir eventuais providências à Procuradoria Geral Eleitoral e a órgãos como Receita Federal e Banco Central.
Crise entre Bolsonaro e Bivar
Os rumores de que Bolsonaro pode deixar o PSL vem de algum tempo, mas a relação nunca esteve tão estremecida. No dia 8 de outubro, o presidente disse a um apoiador, na porta do Palácio da Alvorada: "Esquece o PSL". Ele também afirmou que Bivar estava "queimado".
A legenda vive um momento crítico devido às denúncias de que usou candidatas laranjas para desviar verbas. O Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais apresentou à Justiça denúncia contra o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), e mais 10 pessoas, por crimes relacionados à apresentação de candidaturas de fachada da sigla nas eleições de 2018.
Bivar, que é deputado federal por Pernambuco, está sendo investigado pelo Ministério Público Eleitoral do estado por suspeitas de caixa 2 em sua campanha.
Desfiliação por justa causa
Após a declaração no Alvorada, Bivar disse que o presidente "já estava afastado do partido" e sua fala tinha sido "terminal". Bolsonaro, por sua vez, disse que "por enquanto" ficaria no partido.
Um dos entraves para a saída do presidente da sigla é que os parlamentares que deixarem o partido com ele podem perder seus mandatos. Por isso, a auditoria pedida no ofício está sendo vista como uma possível alegação de justa causa para uma desfiliação sem a perda de cargos.