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Navios fantasmas e comércio ilegal: especialistas comentam petróleo nas praias do Nordeste

As manchas de óleo que atingem o Nordeste ainda não tiveram sua origem confirmada, embora já comecem a surgir teorias. A Sputnik Brasil ouviu dois estudiosos sobre as possibilidades que envolvem o desastre ambiental.
Sputnik

O óleo chegou aos nove Estados do Nordeste e foi encontrado pelo Ibama em mais de uma centena de praias da região. Análise da Petrobras indicou que o material não foi produzido no Brasil e que se trata de petróleo cru, ou seja, não se origina de nenhum derivado de óleo.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chegou a afirmar que "muito provavelmente" o óleo é da Venezuela e que "tudo indica" que ele veio de um navio estrangeiro navegando próximo ao Brasil que passou por um "derramamento acidental ou não".

A Venezuela classificou a acusação de Salles de "alegações infundadas".

Uma das possibilidades aventadas é que o óleo pode ter vindo de um "navio fantasma", uma embarcação que desligou seu sistema de rastreamento. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que "existe a possibilidade de que tenha sido um navio afundado no passado porque tem muito petroleiro com bandeira pirata" e, anteriormente, afirmou ter "quase certeza" de que o episódio foi criminoso

O professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP) Rafael Villa diz que a hipótese de uma embarcação fantasma transportando petróleo da Venezuela ser responsável pelo desastre ambiental é pouco provável porque, apesar das sanções dos Estados Unidos, Caracas tem outros mercados, como Rússia e Índia, para vender seus produtos de maneira legal. 

O estudioso também descarta a possibilidade de um incidente proposital: "Não acredito que tenha havido um derramamento de petróleo como um tipo de arma ou que seja um ato intencional para atingir as praias brasileiras. Isso seria uma hipótese paranóica".

"Os derramamentos de petróleo são mais normais do que se pensa", diz Villa à Sputnik Brasil. "Olhando a história do transporte de petróleo e combustíveis, não é incomum esse tipo de acidente."

Já o especialista em petróleo e gás e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Edmar Almeida ressalta que o vazamento pode ter ocorrido durante o transporte do petróleo de um navio para outro, e que pode não ter sido comunicado por se tratar de uma embarcação fantasma, envolvida em algum tipo de transporte ilegal. 

"Uma parcela do comércio mundial de petróleo é feita de forma ilegal, de maneira não oficial", diz Almeida à Sputnik Brasil. "A Nigéria, por exemplo, é muito conhecida por causa do comércio ilegal de petróleo. Uma parte muito significativa de seu petróleo cru é roubado, derivados também. O México também tem um problema muito sério com derivados roubados dos oleodutos, inclusive o presidente Andrés Manuel López Obrador proibiu o transporte em polidutos de gasolina e diesel em algumas regiões. Esse excedente de combustível muitas vezes acaba nos postos e até no comércio internacional."
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