A Secretaria da Cultura admite que irá tomar fortes medidas de segurança, dado o valor incalculável da peça.
Trata-se da Bíblia de Kennicott, que foi escrita em 1476 em algum lugar da Ciudad Vieja de La Coruña. Este valioso testemunho da presença judaica na Galiza é de autoria de Moisés Ibn Zabara e do ilustrador Joseph Ibn Hayyim e foi escrita por encomenda de um importante comerciante judeu da cidade, Isaac di Braga.
No entanto, alguns anos depois, em 1492, após a expulsão do país dos judeus sefarditas por decreto dos reis católicos, os donos da valiosa obra fugiram com ela e as pistas se perderam durante três séculos. Só em 1771 esta peça literária caiu sob custódia da prestigiada Biblioteca Bodleian da Universidade de Oxford, à qual pertence hoje em dia.
O caráter cosmopolita da Bíblia de Kennicott demonstra que na Galiza vivia uma comunidade judia culta, aberta e integrada, que foi obrigada a abandonar a sua terra, destacou o vice-presidente da Fundação Hispano-Judaica, Alberto Ruiz-Gallardón, que no passado foi ministro da Justiça e presidente da prefeitura de Madri.
O manuscrito medieval será a estrela da exposição "Galiza, uma história no mundo", que poderá ser visitada no complexo cultural Cidade da Cultura de Santiago de Compostela até o dia 12 de abril de 2020.
Além disso, a exposição inclui ainda o Lebor Gabala Erren (Livro da Conquista da Irlanda), um compêndio irlandês de manuscritos do século XI, e o Mapa de Sawley, do século XII, considerado um dos primeiros mapas enciclopédicos do mundo feitos na Europa.