Nos Estados Unidos, mais de metade de todos os mísseis estratégicos estão implantados em submarinos nucleares, enquanto a Rússia depende principalmente de mísseis intercontinentais terrestres, escreve o colunista da Sputnik Andrei Kots.
Primeiros lançamentos
A ideia de colocar mísseis balísticos em submarinos tinha amadurecido nas mentes dos soviéticos em meados da década de 50. Nos anos que se seguiram, a URSS e os Estados Unidos desenvolveram apressadamente novos meios de atingir o território inimigo com armas nucleares.
Em 1954, o primeiro míssil naval R-11FM foi lançado do polígono de Kapustin Yar (região russa de Astrakhan). Um ano depois, foram lançados SLBM do submarino B-67 pela primeira vez na história.
Porém, tanto os primeiros SLBM soviéticos, como os americanos, tinham uma grande falha. Os submarinos só podiam disparar os mísseis quando estavam à superfície, o que tornava os submarinos estratégicos alvos fáceis para a aviação e outros navios.
O primeiro míssil soviético de lançamento submarino foi o R-21, adotado em 1963, cuja principal vantagem era a possibilidade de ser lançado a partir de uma profundidade de 40 metros.
O seu alcance era de 1.300 quilômetros (no caso de levar uma ogiva de um megaton de potência) ou de 1.600 quilômetros (com uma ogiva de 800 quilotons).
Métodos de lançamento
Apesar das suas excelentes características, o R-21 era significativamente inferior aos mísseis Polaris-A1 americanos (alcance 2.200 quilômetros) e Polaris-A2 (2.800 quilômetros).
Alguns anos mais tarde, a União Soviética testou o R-27, capaz de lançar uma carga nuclear de um megaton a uma distância de até 3.000 quilômetros, cujo lançamento foi feito por meio do chamado "wet start" (os silos dos mísseis eram inundados com água). Contudo, esse método tem desvantagens.
Já os mísseis de propelente sólido permitiam fazer "lançamentos a seco". Este método é mais silencioso e rápido, fazendo com que as chances de um lançamento bem-sucedido sejam muito maiores. Os propulsores sólidos incluem os SLBM soviéticos R-31, com um alcance de até 4.200 quilômetros e R-39 (8.250 quilômetros), bem como o mais recente R-30 Bulava (9.300 quilômetros).
Variedade de mísseis balísticos
Hoje em dia, os submarinos nucleares russos usam vários tipos de mísseis balísticos. Em primeiro lugar, trata-se do R-29R de dois estágios, que equipam o K-44 Ryazan, o último submarino remanescente do projeto 667BDR Kalmar. Esses mísseis podem lançar três ogivas de 200 quilotons (1 quiloton equivale a mil toneladas de TNT) à distância de 6.500 quilômetros.
Em segundo lugar, a Marinha russa ainda dispõe no seu arsenal da família de mísseis R-29PM de combustível líquido e três estágios.
O R-29RM foi adotado em serviço há mais de 30 anos e já foi atualizado várias vezes. A última modificação, o Sineva, voa 11.550 quilômetros. A ogiva contém até dez unidades de orientação individual, com capacidade de 100 quilotons cada uma, ou quatro ogivas de 500 quilotons com equipamento de defesa antimísseis.
Finalmente, os submarinos nucleares estratégicos mais avançados – os três navios do projeto 955 Borei - estão armados com mísseis balísticos de propulsão sólida R-30 Bulava.
Além disso, o submarino pesado Dmitry Donskoy, o último representante do projeto 941, foi reequipado para estes SLBM. Ele carrega 20 mísseis, enquanto os Borei carregam 16.
Os mísseis Bulava, colocados em serviço em 2018, lançam seis ogivas de orientação individual de 150 quilotons cada, com coeficiente de desvio inferior a 350 metros.
As vantagens dos novos SLBM incluem uma curta fase de aceleração. Acredita-se que é nesta fase que os mísseis são mais vulneráveis aos meios de interseção. Além disso, o Bulava pode manobrar durante a aceleração, o que o protege de interceptores cinéticos, projetados para trajetórias balísticas convencionais.