A Coreia do Norte tem desenvolvido nas últimas décadas diferentes tipos de mísseis capazes de atingir o território de países vizinhos, assim como, acredita-se, o litoral oeste dos Estados Unidos.
Grande parte dos esforços de Pyongyang tem sido direcionada para a criação de mísseis intercontinentais, capazes de carregar ogivas nucleares, o que aumentaria o poder de barganha do país no xadrez das relações internacionais.
No entanto, segundo o especialista militar Nathan Hunt, a Coreia do Norte parece ter tomado um novo rumo. Em análise para a revista americana National Interest, Hunt diz que Pyongyang ultimamente tem se focado no desenvolvimento de mísseis de curto alcance cada vez mais sofisticados.
Diplomacia e mísseis
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, se encontrou por diversas vezes com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na tentativa de achar uma solução para o impasse nuclear na península coreana.
No entanto, as conversações não deram os resultados esperados, e foram seguidas por uma retomada nos testes de mísseis do país asiático.
"Embora Pyongyang tenha tido cautela em suas declarações na mídia e na ONU, nós começamos a ver uma retórica mais agressiva por parte dos oficiais de Kim. [...] A Coreia do Norte reforçou estas declarações ao longo do verão, testando sistemas de mísseis de curto alcance", escreveu Hunt em sua análise.
KN-23 e KN-25
De acordo com o especialista, um destes novos mísseis é o KN-23.
Seu primeiro teste ocorreu em quatro de maio deste ano, próximo à cidade norte-coreana de Wonsan. Cinco dias mais tarde, um segundo teste foi realizado em Kusong, no litoral oeste do país. Um terceiro teste ocorreu em 24 de julho.
Embora o país revele pouco as características de seus armamentos, Hunt analisou algumas delas.
"O KN-23 é um míssil balístico de curto alcance de combustível sólido e seu design parece ter vindo dos sistemas de mísseis russos Iskander 9K720 e do sul-coreano Hyunmoo. Embora algumas características do Iskander estejam ausentes no KN-23, existem semelhanças suficientes que indicam que a Coreia do Norte pode ter baseado parte de seu sistema em elementos não totalmente projetados no país", afirmou Hunt.
Uma vez que o país tem utilizado combustível líquido em grande parte de seus mísseis balísticos, o uso de combustível sólido no KN-23 seria um salto em frente no avanço tecnológico da Coreia do Norte.
O armamento também pode ser montado em dois diferentes chassis, explica o analista.
"O primeiro chassi é um veículo de oito rodas muito parecido com o veículo do Iskander russo. Já o segundo é um veículo com um reboque possuindo 16 rodas no total", explicou o especialista.
Além disso, o KN-23 tem um alcance máximo de 690 km, enquanto sua carga explosiva pesa meia tonelada, conforme publicou o Missile Threat.
Em segundo lugar na lista dos armamentos analisados, Nathan Hunt indica o míssil KN-25.
Carregado por um caminhão, o KN-25 foi posto à prova pela primeira vez em 31 de julho. Até o momento, se sabe que o míssil balístico pode atingir alvos a uma distância de 380 km.
Na mira dos mísseis
Ainda segundo Hunt, as novas armas norte-coreanas podem atingir as tropas norte-americanas estacionadas na Coreia do Sul.
"Os EUA gastaram muito para mover o comando das Forças dos Estados Unidos na Coreia para longe da fronteira entre as duas Coreias. [...] As novas peças de artilharia de longo alcance e mísseis de curto alcance de Pyongyang permitem uma capacidade de atingir posições sul-coreanas e americanas ainda mais longe da fronteira", disse Hunt.