O diretor-geral da Agência para a Promoção de Investimento e Exportações de Moçambique (APIEX), Lourenço Sambo, classificou o Fórum Econômico Rússia-África como sendo "extraordinário e muito necessário" para o progresso africano, destacando que "a África precisa muito da Rússia".
Acordos fechados com empresas russas
De acordo com Lourenço Sambo, no decorrer do fórum econômico, realizado em Sochi entre 23 e 24 de outubro, "acordos no setor privado já foram fechados entre empresas moçambicanas e russas".
O promotor de investimento acentuou a visita do presidente de Moçambique à Rússia em agosto deste ano, classificando-a como "extraordinária".
"A visita foi extraordinária por termos conseguido interagir com empresas na área de energia, que é extremamente importante, na área de gás e na área de mineração, que há um grande interesse de empresas russas em investir nessa última área."
Relação econômica Brasil-Moçambique
De acordo com Lourenço Sambo, a relação entre Brasil e Moçambique "não está mal, comparando com toda a América, onde a América do Norte entra com mineração [em Moçambique] de óleo e gás, já a América do Sul, sobretudo o Brasil, está na área do carvão".
O diretor-geral da APIEX pontuou que o desafio atual é concretizar a triangulação entre Japão, Brasil e Moçambique para desenvolver a agricultura. Como explicou, trata-se de um projeto semelhante ao Pró-Cerrado brasileiro, que visa explorar agricultura sem causar muitos danos ao bioma. No caso, a versão moçambicana seria chamada de Pró-Savana.
Segundo Lourenço Sambo, o projeto Pró-Savana está dando passos curtos para concretização.
Vale ligando Brasil a Moçambique
"O maior investimento que o Brasil fez em Moçambique foi na área do carvão. Temos a Vale Brasil e temos a Vale que investiu a partir dos Emirados Árabes Unidos e construiu a linha férrea, que transporta o carvão através do Malawi até Nacala Porto [cidade moçambicana]", destacou Lourenço Sambo para a Sputnik Brasil.
Além do investimento na infraestrutura moçambicana com a construção de linha ferroviária, a Vale entrou também no reconhecimento e mapeamento das minas para extração do carvão, que agora está na fase de produção e exportação, de acordo com o diretor-geral da APIEX.
O promotor de investimento destacou que estudantes moçambicanos estão se capacitando no Brasil na exploração de carvão, sendo financiados pela Vale.
Política do Brasil é observada por Moçambique
Lourenço Sambo revelou que a situação política do Brasil é acompanhada por Moçambique.
Em se tratando das relações do Brasil com Moçambique, o diretor-geral da APIEX afirmou: "Não diria que estão péssimas, mas não estamos indiferentes com o que está acontecendo no Brasil, onde está tendo a Lava Jato e apreensão de muitos envolvidos. O mais importante para nós é que, de fato, as relações econômicas não deixem de existir em momento algum."