Nesta semana, após a eleição, em primeiro turno, de Alberto Fernández, na Argentina, o presidente brasileiro, que já havia demonstrado explicitamente sua preferência pela reeleição de Mauricio Macri, acusou os argentinos de votarem mal e se negou a parabenizar o presidente eleito, amigo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Tal situação provocou um mal-estar entre os dois países, levando o ministro das Relações Exteriores argentino, Jorge Faurie, a entrar em contato com o chefe da missão diplomática brasileira em seu país, Sérgio Danese, para tratar desse princípio de tensão bilateral.
Coletiva de imprensa junto a Germán Garavano [ministro da Justiça e dos Direitos Humanos] após a reunião de gabinete na Casa Rosada.
Além dos problemas ligados às declarações de Jair Bolsonaro, as tensões entre Brasil e Argentina se acirraram ainda mais após ataques do deputado brasileiro Eduardo Bolsonaro, filho de Jair, ao primogênito de Alberto Fernández, Estanislao Fernández.
Tal assunto também teria sido abordado na carta enviada por Faurie a Danese, mencionada pelo próprio chanceler argentino, nesta quinta-feira, em coletiva de imprensa. E, segundo a mídia argentina, a iniciativa foi autorizada por Macri, que deixa a Casa Rosada no próximo 10 de dezembro, em meio a uma profunda crise econômica e social, mas aposta em uma transição de governo ordenada.
Chancelaria considerou "inapropriadas" as críticas de Jair Bolsonaro a Alberto Fernández. Faurie enviou uma carta ao embaixador do Brasil: "Escrevi sobre a conveniência de que certas frases sejam tratadas com maior prudência. A melhor contribuição é deixar vínculos abertos".
"Não me cabe nenhuma dúvida de que as autoridades do governo do Brasil têm claro o significado de ter um diálogo adequado e correto com as autoridades argentinas, seja com as que representam hoje o presidente Macri como com as do governo que vai sucedê-lo a partir de 10 de dezembro", disse Faurie em coletiva.