Notícias do Brasil

Óleo no Nordeste do Brasil pode mobilizar cientistas e virar pauta no Parlamento português

O derramamento de óleo que afeta o litoral do Nordeste poderá ser discutido no Parlamento português. Deputados do Partido Ecologista os Verdes (PEV) estudam a situação.
Sputnik

De acordo com o líder do PEV no Parlamento, deputado José Luís Ferreira, o problema é “absolutamente inacreditável e com consequências que ainda não podemos avaliar.”

“Nós ponderamos e estamos a ver de que forma podemos pegar no assunto. Pode ser através de um voto, se bem que do ponto de vista prático tem poucos efeitos. De qualquer maneira, o que consideramos é que é preciso também olhar para este modelo de produção em todo o mundo, sobretudo no Brasil, porque este modelo social que assenta na ideia do crescimento ilimitado tem que ser contrariado, já que o planeta e os próprios recursos não são ilimitados”, afirma o deputado à Sputnik Brasil.

Além dos políticos, a situação no litoral nordestino também chama a atenção de pesquisadores que, atualmente, conduzem um estudo relacionado ao impacto de acidentes com vazamento de óleo na costa portuguesa.

Mapa com valor monetários dos ecossistemas litorâneos

Através de análises que utilizam dados ambientais, geográficos, marítimos e também questionários aplicados à população, o grupo pretende mapear o valor monetário de cada ecossistema litorâneo.

"O objetivo é perceber a importância e benefícios que esses ecossistemas marinhos e costeiros têm para a população humana e traduzir esse benefício em um valor econômico, aqui neste caso em euros, para que se possa depois comparar com os custos da intervenção, da estratégia de atuação, quer seja em prevenção, quer seja em recuperação", explica à Sputnik Brasil a professora e bióloga Carina Silva, uma das coordenadoras do projeto Mares, da School of Business & Economics da Universidade Nova de Lisboa.

De acordo com a pesquisadora, ao se calcular o valor monetário de um ecossistema é possível conhecer, também, o impacto que qualquer dano ambiental pode vir a ter em termos econômicos.

"Ao termos noção do benefício que esse ecossistema gera e deste valor econômico, mais rápido os decisores políticos podem canalizar os fundos que têm disponíveis para diferentes áreas. Este mapeamento que vamos construir permite identificar áreas de maior valor. No caso do Brasil, em áreas como berçários, produção de madeira e proteção costeira, os esforços poderiam ser canalizados para essas áreas mais importantes, mais ricas em biodiversidades", analisa a bióloga.

O estudo é realizado na área costeira do porto de Sines, cidade da região do Alentejo. O porto é a principal porta de entrada de fontes energéticas em Portugal e um dos principais equipamentos no trajeto das grandes embarcações da Europa para o mar Mediterrâneo e o norte da África, com fluxo intenso.

"Isso traz um risco acrescido de acidentes. Nos últimos anos, os acidentes identificados são de mais reduzida dimensão e são contidos mais rapidamente. Temos também descargas ilegais intencionais que prejudicam esses habitats naturais ao longo de toda a costa continental", diz Carina Silva.

'Por que não estudar impacto no Brasil?'

A dimensão do vazamento no nordeste brasileiro mobilizou o grupo de cientistas. "Nos surgiu a ideia de por que não estudar este tipo de impacto no Brasil? Seria muito importante para alertar. Primeiro para alertar a população e os decisores para a importância de proteger e prevenir e perceber de fato qual o custo de não prevenir. Seria interessante estabelecer uma parceria. Enquanto universidade, já ponderamos isso. É uma ideia inicial, mas ter contatos com uma universidade que nos pudesse dar uma noção dos impactos ecológicos verificados neste acidente seria fundamental para avançarmos com uma parceria", diz a pesquisadora.

Comentar