O relator especial da ONU sobre tortura alerta para o estado preocupante da saúde do jornalista e fundador do WikiLeaks, Julian Assange, mantido preso pelas autoridades britânicas desde abril deste ano.
"Do meu ponto de vista, este caso nunca foi sobre a culpa ou inocência de Assange. Isso é uma maneira de forçá-lo a pagar pela divulgação de graves violações da lei pelas autoridades, inclusive casos de alegados crimes de guerra e corrupção", declarou Meltzer.
O relator especial disse que visitou Assange no cárcere, acompanhado de médicos, e na ocasião foi concluído que o estado de saúde do fundador do Wikileaks estava deteriorado.
"Enquanto o Reino Unido não mudar urgentemente seu rumo e não aliviar a situação desumana [em que ele se encontra], a continuação dessa arbitrariedade e abuso de autoridade pode custar a vida de Assange", alertou o relator especial.
Após visitar o jornalista, Meltzer reportou os fatos às autoridades britânicas que, por sua vez, não tomaram nenhuma medida para melhorar as condições de encarceramento de Assange, assim como não iniciaram inquérito para apurar os indícios de tortura psicológica.
O relator reiterou o pedido ao Reino Unido para que não extradite Assange para os EUA, onde o jornalista poderia enfrentar prisão perpétua. Meltzer também incitou Londres a fornecer tratamento médico para o fundador do Wikileaks.
Prisão de Assange
Julian Assange foi preso em abril do corrente, após o Equador ter rescindido o seu status de asilado político. Com o aval do governo equatoriano, a polícia britânica entrou na embaixada e prendeu o fundador do site WikiLeaks, acusado de ter violado as condições de liberdade sob fiança no Reino Unido em 2012, crime passível de pena de um ano de prisão.
O jornalista havia buscado asilo na Embaixada do Equador para evitar a extradição aos Estados Unidos, que o acusam de ter publicado ilegalmente documentos confidenciais. O jornalista alega que poderia ser sentenciado a prisão perpétua pela Justiça norte-americana.