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Olavista que convocou 'guerra cultural' é nomeado secretário de Cultura do governo Bolsonaro

O dramaturgo Roberto Alvim, admirador declarado do guru bolsonarista Olavo de Carvalho, e que recentemente conclamou "artistas conservadores" a criar uma "máquina de guerra cultural", é o novo secretário de Cultura do governo federal. 
Sputnik

A nomeação foi publicada nesta quinta-feira (7) no Diário Oficial da União. Em setembro, Alvim, que atualmente é diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte (Fundação Nacional das Artes), causou polêmica ao criticar e chamar a atriz Fernanda Montenegro de "sórdida" no Facebook.  

"A intocável' Fernanda Montenegro faz uma foto pra capa de uma revista esquerdista vestida de bruxa. Na entrevista, vilipendia a religião da maioria do povo, através de falas carregadas de preconceito e ignorância", afirmou ele.

A artista tinha feito um ensaio fotográfico no qual aparecia vestida de bruxa e amarrada em cima de uma pilha de livros. Na ocasião, Alvim afirmou que artistas "difamam violentamente" o presidente Jair Bolsonaro. "Acuso Fernanda de mentirosa, além de expor meu desprezo por ela, oriundo de sua deliberada distorção abjeta dos fatos", escreveu. 

A pasta, que estava subordinada ao Ministério da Cidadania, passou para a estrutura do Ministério do Turismo, segundo decreto publicado nesta quinta-feira. 

A Secretaria de Cultura é o antigo Ministério da Cultura, extinto por Bolsonaro. A transferência e a escolha do novo titular foram feitas um dia depois do governo exonerar o então secretário de Cultura, Ricardo Braga, que ficou dois meses no cargo. 

Antes dele, Henrique Pires abandonou o posto após o governo decidir barrar um edital de financiamento de séries para televisões públicas que tinha entre suas categorias temas LGBT. Alvim é o terceiro secretário de Cultura do governo Bolsonaro.

Caetano é 'imbecil completo', Zé Celso, 'espécie de câncer'

Em agosto, em outra publicação no Facebook, Alvim convocou "artistas conservadores" a criarem uma "máquina de guerra cultural". Segundo o dramaturgo, ele passou a ser perseguido após ter se convertido ao cristianismo durante um tratamento de câncer, que de acordo com Alvim foi curado pelas orações da babá evangélica de seu filho, e ter declarado apoio a Bolsonaro. 

Em entrevista para o jornal Gazeta do Povo, ele disse que Olavo de Carvalho era o "maior filósofo brasileiro vivo e um dos maiores escritores também". Alvim ainda chamou o diretor José Celso Martinez Corrêa de "espécie de câncer, uma síntese do pior que acontece no teatro nacional", e o cantor Caetano Veloso de "canalha abissal, um imbecil completo, um idiota absoluto".

Sobre a política de Bolsonaro, afirmou que se alinha "integralmente a todas as declarações dadas pelo presidente em relação a grupos LGBT, feministas, coletivos racialistas e à restituição da verdade sobre o período do regime militar no Brasil", segundo matéria publicada pelo portal UOL.

'Classe artística deve estar feliz aí'

Na entrada do Palácio do Alvorada, Bolsonaro comentou nesta quinta-feira  sobre a nomeação para a Secretaria de Cultura. 

"Está na mão de um tal de Roberto Alvim. Porteira fechada para ele. A classe artística deve ficar feliz aí, Lei Rouanet, vem muita coisa boa por aí", disse ele, garantindo que o novo secretário terá autonomia para mexer em órgãos como a Ancine, segundo publicado pelo jornal O Globo.  

O governo federal vem sendo acusado por representantes do setor cultural de promover a censura. Bolsonaro, no entanto, diz que é preciso um controle de conteúdo para preservar os valores família.

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