Nos últimos anos, em meio a um embargo de armas de há décadas por parte dos países ocidentais, o Irã criou uma vasta gama de sistemas de mísseis balísticos e de cruzeiro concebidos internamente, com funcionários a advertirem repetidamente que estas armas seriam amplamente utilizadas em caso de agressão por parte dos adversários de Teerã.
O Irã deve suas capacidades de mísseis em grande parte ao falecido comandante das forças aeroespaciais da Guarda Revolucionária e projetista de mísseis balísticos Hassan Tehrani Moghaddam, disse na terça-feira (12) o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, major-general Mohammad Baqeri.
"Os esforços [...] do mártir Tehrani-Moghaddam deram frutos e fizeram com que o Irã se tornasse a potência de mísseis número um da região", disse Baqeri, em suas observações citadas por Tasnim.
Baqeri fez o discurso no oitavo aniversário da morte de Moghaddam. O projetista de mísseis e mais de uma dezena de outros membros do exército e do IRGC pereceram durante uma explosão em uma guarnição de mísseis em Bid Kaneh, perto de Teerã, em 12 de novembro de 2011. Uma investigação posterior concluiu que a explosão foi um acidente e descartou a possibilidade de sabotagem.
Em seus comentários, Baqeri enfatizou que com seu trabalho Moghaddam e outros "defensores da República Islâmica [...] expuseram a verdadeira face da América e seus aliados e aceleraram o colapso da hegemonia americana".
O Irã, disse Baqeri, assegurou a estabilidade em suas capacidades de defesa, enquanto fazia "grandes conquistas" também em seu soft power, especificamente na luta "contra a opressão e contra os valentões globais", particularmente os Estados Unidos.
Origem dos primeiros mísseis do Irã
Hassan Tehrani Moghaddam estabeleceu os primeiros centros de pesquisa de artilharia e mísseis do Irã pós-revolucionário no início dos anos 1980, durante a Guerra Irã-Iraque, e participou do projeto do Naze'at em 1987, o primeiro foguete de artilharia de longo alcance do Irã, um sistema não guiado com alcance de cerca de 100-130 km.
Nesse mesmo ano, o Irã criou o Shahab-1, um sistema obtido por engenharia reversa do míssil Scud-B criado pela União Soviética, com o Shahab-1 se tornando a base de desenvolvimentos posteriores. Em meados dos anos 2000, Moghaddam liderou a equipe de desenvolvimento por trás do Ghadr-110, um míssil de médio alcance com alcance entre 1.800 e 2.000 km, e outros mísseis.
O Irã acumulou um grande arsenal de sistemas de mísseis balísticos e de cruzeiro de curto, médio e longo alcance criados internamente. Os EUA, a União Europeia, a Arábia Saudita e Israel manifestaram preocupação com o fato de estas armas representarem uma ameaça para a segurança regional e global, mas o Irã insistiu que os mísseis se destinam a dissuadir possíveis ataques inimigos e salientou repetidamente que sua posse não é "negociável" para a República Islâmica.
Juntamente com os mísseis, a indústria militar iraniana criou uma variedade de equipamentos militares para os três ramos das Forças Armadas. Os engenheiros de defesa do país provaram o valor do seu trabalho em junho, quando as tropas de defesa antiaérea do IRGC derrubaram um drone espião americano, no valor de US$ 220 milhões (R$ 913,7 milhões), depois de ele supostamente ter violado o espaço aéreo iraniano, com um sistema de defesa antiaérea local conhecido como Khordad 3.
Este mês, funcionários iranianos e norte-americanos têm debatido se o Irã teria ou não destruído um segundo drone espião americano. O lado iraniano alegou que destroços de drone estavam sendo recuperados perto da cidade portuária de Mahshahr, no sudoeste do país, enquanto o Pentágono negou os relatos de que qualquer drone americano tenha sido abatido na região e disse que todos os equipamentos dos EUA "estão contabilizados".