Países europeus pedem que o Irã cumpra o tratado de 2015, segundo o qual o país limita seu programa nuclear em troca do alívio de sanções, mesmo após a decisão unilateral norte-americana de retirar-se do acordo.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, por sua vez, acusa a Europa de não ter fornecido os benefícios econômicos ao país, conforme havia se comprometido durante as negociações do acordo nuclear, conhecido como JCPOA.
"Para meus colegas do EU/E3: 1. 'Cumpra integramente os seus compromissos assumidos no JCPOA.' VOCÊ? Fala sério? Mostrem-me UM [compromisso] que vocês tenham mantido nos últimos 18 meses. 2. O Irã acionou e exauriu os mecanismos de solução de controvérsias enquanto vocês procrastinavam. Agora estamos aplicando os remédios previstos no parágrafo 36", tuitou o ministro.
De acordo com o país persa, o parágrafo 36 do JCPOA permite a redução dos compromissos por as demais partes não estarem cumprindo o acordo. A União Europeia, no entanto, não compartilha dessa interpretação.
Na semana passada, o Irã declarou que iria paulatinamente enriquecer maior volume de urânio, o que prejudaria a manutenção do acordo nuclear. O país voltou a operar a instalação nuclear de Fordow, banida pelos termos do tratado, reportou a Reuters.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, emitiu um comunicado conjunto com a França, Reino Unido e Alemanha, conhecido como formato União Europeia + 3 (EU/E3), que também são parte no tratado, pedindo para que o Irã cumpra os compromissos assumidos no acordo, sob pena de "sofrer consequências", que poderiam incluir sanções econômicas.
Alguns funcionários do governo iraniano alertam que, caso os EUA e a UE imponham novas sanções, o acordo poderá colapsar.
Irã retoma enriquecimento de urânio
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) reportou nesta segunda-feira que o Irã estava acelerando rapidamente o enriquecimento de urânio na instalação de Fordow.
O país persa anunciou que deve deixar de observar outras cláusulas do tratado, caso Reino Unido, França e Alemanha não consigam proteger a economia iraniana das sanções impostas pelos EUA. As sanções já são responsáveis pela redução de 80% nas exportações iranianas de petróleo.
Washington alega que gostaria de negociar um novo acordo com o Irã, mais abrangente, que incluísse, além do programa nuclear, o programa de mísseis e a presença regional iraniana.
O Irã declarou que não voltará a negociar com os EUA enquanto a potência americana não cumprir o acordo de 2015.