A quantidade de euros em circulação na economia venezuelana aumentou significativamente, após o Banco Central dobrar o fornecimento da moeda europeia aos bancos locais.
Em meados de outubro, a autoridade monetária dobrou os repasses para os bancos locais: € 1 milhão (R$ 4,6 milhões) por semana para os principais bancos privados do país e cerca de € 500 mil (R$ 2,3 milhões) para bancos menores.
A autoridade monetária distribui os euros em espécie para que empresas paguem suas importações ou bônus de seus funcionários, diminuindo a pressão sobre a moeda local, o bolívar, que está fortemente depreciada e escassa no mercado.
O aumento no uso da moeda europeia teve início em fevereiro, após Washington intensificar as sanções econômicas voltadas para forçar a queda do presidente Nicolás Maduro do poder, reportou a Reuters.
Neste ritmo, a quantidade de euros em circulação pode ultrapassar não só a quantidade de dólares, mas também a de bolívares, atualmente estimada em U$ 59 milhões.
Divisa de petróleo e ouro
De acordo com fontes ouvidas pela agência de notícias, após a imposição de nova rodada de sanções, a Venezuela passou a receber euros como pagamento de suas exportações de petróleo e ouro.
A estatal de petróleo venezuelana, PDVSA, também passou a operar com a moeda europeia, a fim de contornar as sanções norte-americanas.
Portanto, além da injeção de euros estimulada pelo Banco Central, a economia ainda absorve as entradas da divisa realizadas pela petrolífera.
Reforço das sanções norte-americanas
Após Washington impor sanções aos bancos estatais do país, inclusive ao banco de desenvolvimento, Bandes, em 22 de março, instituições financeiras estão relutantes em fazer negócios com a Venezuela.
Em agosto, o Tesouro norte-americano declarou estar disposto a sancionar qualquer entidade que forneça apoio material ao país caribenho.
De acordo com a consultoria Ecoanalitica, 53,8% das compras do varejo realizadas em outubro na Venezuela foram feitas em moeda estrangeira. A moeda venezuelana sofreu uma depreciação de 90% em 2019.