Tecnologia impede ciência: astrônomos se irritam com satélites de Elon Musk

A SpaceX opera atualmente mais de cem satélites de internet em órbita baixa, mas tem planos de aumentar este número para 42 mil ao longo da próxima década. Cientistas alertam que o grande número de pequenos objetos, que expõe os telescópios à luz refletida por eles, pode ameaçar a "própria astronomia".
Sputnik

Astrônomos estão se queixando que a nova série de satélites de internet de Elon Musk está arruinando a observação do Universo, meses depois do diretor da SpaceX prometer tomar medidas para torná-los menos refletivos.

Clarae Martínez-Vázquez, uma astrônoma no Observatório Interamericano Cerro Tololo no Chile, disse que 19 satélites voam no campo de visão de seu telescópio, equipado com a Câmera de Energia Escura (DECam, na sigla em inglês).

Nossa!! Eu estou em choque. O enorme número de satélites Starlink cruzou nosso céu esta noite em @cerrotololo. A exposição da nossa DECam foi fortemente afetada por 19 deles! O trem de satélites Stalink durou mais de 5 minutos!! Bastante deprimente... Isso não é legal!

Cliff Johnson, pós-doutorado da Universidade do Noroeste no Illinois, postou em resposta uma série de imagens atravessadas por rastros de satélites, supostamente também deixados por satélites Starlink. Isso ocorre devido à superfície altamente refletiva do material usado – estes objetos podem ser indetectáveis a olho nu, mas não para as lentes sensíveis dos telescópios astronômicos.

​Esta é a imagem afetada pela praga dos Starlink:

A intrusão veio após a companhia aeroespacial SpaceX lançar 60 satélites no espaço na última semana. Este foi o segundo lançamento de satélites Starlink, depois do anterior com os primeiros 60 ter sido realizado em maio deste ano.

Confirmada a colocação bem-sucedida de 60 satélites Starlink!

Inicialmente, a constelação de satélites previa o número total de 12 mil unidades, mas no último mês a SpaceX preencheu a papelada para lançar até 30 mil unidades a mais. De acordo com a Agência Espacial Europeia, 42 mil satélites seriam mais de 8 vezes o número atual de satélites orbitando a Terra, e aumentariam os riscos de colisões em órbita.

Logo após a realização do primeiro lançamento da série, a União Astronômica Internacional emitiu um comunicado em que afirma que estas constelações [de satélites] "podem representar uma significativa ou debilitante ameaça para importantes infraestruturas astronômicas existentes e futuras".

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