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Disputa pelo 5G no Brasil: EUA fazem 'ameaças' e China oferece 'presentes'

O seu celular é um dos centros de uma disputa geopolítica mundial. As redes 5G são a discussão do momento em uma disputa pelo mercado brasileiro travada pela China e os Estados Unidos.
Sputnik

Com velocidades mais rápidas que as atuais tecnologia de conexão, o 5G também será vital para novos elementos da cidade, como carros autônomos e drones. A companhia chinesa Huawei, a sueca Ericsson e a finlandesa Nokia são os principais atores desse florescente mercado. 

Washington, todavia, não enxerga com bons olhos a Huawei e acusa a empresa de ser uma ferramenta de espionagem de Pequim. A disputa envolve a prisão de uma diretora da empresa no Canadá, após pedido dos Estados Unidos. Meng Wanzhou é filha do fundador da Huawei, Ren Zhengfei, e foi detida em Vancouver em dezembro de 2018 sob a acusação de driblar sanções de Washington contra o Irã. Ela foi solta após pagar fiança, mas segue em prisão domiciliar no Canadá e os Estados Unidos pedem sua extradição. 

Pequim rejeita as acusações dos Estados Unidos e diz que há um abuso do "conceito de segurança nacional" e uma "politização de questões econômicas e comerciais"

O país governado por Donald Trump pressiona seus aliados a não adotarem tecnologia da Huawei. Austrália, Nova Zelândia e Japão decidiram banir a companhia, enquanto a União Europeia apontou em relatório que os países devem se precaver contra ameaças cibernéticas, mas não citou ou proibiu explicitamente a Huawei. 

O Brasil também é palco da disputa e terá um leilão para definir a construção de sua rede 5G em 2020. Em visita ao Brasil em agosto, o secretário do comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, afirmou ter compartilhado com as autoridades brasileiras informações sobre os riscos de segurança da Huawei. E o presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta segunda-feira (18) o presidente da Huawei no Brasil, Yao Wei, no Palácio do Planalto.

"A melhor oferta a gente vai... a gente vai olhar para o lado do que, da oferta, né?", disse Bolsonaro após a agenda, segundo a Folha de S. Paulo.

Quem falou mais detalhadamente sobre a participação da Huawei foi o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB). "A Huawei vem sendo acusada de repassar os dados que ela tem ao governo chinês. Conversei com ele [presidente-executivo da Huawei, Ren Zhengfei] que tem que criar um clima de confiança. Enquanto houver esse clima de confiança não tem problema nenhum. O Brasil não tem nenhum plano disso [barrar a companhia]", disse Mourão, informa o G1. 

As estratégias de Pequim e Washington 

"Os Estados Unidos mais tem feito ameaças contra o Brasil de possíveis punições ou sanções em função de uma aproximação com a China. Enquanto a China, de outro lado, vem com os presentes", diz à Sputnik Brasil o professor da ESPM Alexandre Uehara. 

Estudioso da Ásia e coordenador do Centro Brasileiro de Estudos de Negócios Internacionais e Diplomacia Corporativa da ESPM, Uehara acredita que Bolsonaro está mais "aberto" ao comércio com Pequim do que no começo de seu mandato e que os argumentos de Pequim são mais "sedutores".

A Huawei já está no Brasil há 20 anos e tem mais de 188 mil funcionários em todo o mundo, diz a companhia em seu relatório aos investidores de 2018. A empresa tem unidades em Manaus e Sorobaca e estuda abrir uma fábrica em São Paulo. 

Para além da empresa da gigante de telecomunicações, a China já é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009 e azeitou laços comerciais com iniciativas brasileiras durante a Cúpula do BRICS realizada em Brasília. Além disso, estatais chinesas impediram que recente leilão de campos de pré-sal terminassem com participação única da Petrobras. 

"Há uma estimativa de que as empresas americanas não estariam em pé de igualdade para concorrer com as chinesas, com a Huawei em particular, então por isso a resistência, não é só uma questão política e de segurança em relação aos dados que podem ser captados pela Huawei, caso seja feita a utilização de tecnologia 5G dos chineses, mas porque existe um mercado fantástico, não só no Brasil, mas no mundo", diz Uehara.
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