De acordo com Frederick William Engdahl, cientista político da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, os recentes eventos na Bolívia que culminaram com a renúncia e saída de Evo Morales do país, teriam como pivô as grandes reservas de lítio bolivianas.
Conforme escreveu em artigo no portal New Eastern Outlook, a indústria automobilística no mundo tem cada vez mais necessitado do material para produção tanto de baterias quanto de outros componentes para veículos elétricos.
Além disso, a Bolívia, como diz o especialista, seria a "Arábia Saudita do lítio", ao se referir das ricas reservas do metal no país sul-americano.
Enquanto isso, na disputa pela maior importação do metal entrariam os Estados Unidos e a China, dois grandes produtores de veículos elétricos, que estão sendo cada vez mais procurados no mundo.
Desta forma, tendo maior interesse pelo controle das reservas bolivianas, Washington "teria seus dedos" na crise boliviana, segundo Engdahl.
'Boom na demanda de lítio'
Comentando o assunto ao serviço russo da Rádio Sputnik, Vadim Tarasov, diretor da cátedra de metais brancos da Universidade Nacional Científica e Tecnológica MISiS da Rússia, confirmou a importância das fontes de lítio na Bolívia.
"Agora está ocorrendo, em certo sentido, um boom da demanda da produção de lítio. Existem alguns produtos básicos, os quais são demandados pela indústria. Ou seja, cloreto de lítio, carbonato de lítio e hidróxido de lítio monohidratado, além do próprio lítio", declarou Tarasov.
Ainda conforme disse Tarasov sobre a Bolívia, assim como em outros países sul-americanos, há reservas consideráveis do material.
"Lá [Bolívia, Chile e em outros países] o material possui grande concentração. Explorar lítio na Bolívia é relativamente fácil, [...] o que possivelmente teria dado um impulso adicional aos eventos na Bolívia", acrescentou Tarasov.
Crise na Bolívia
O país sul-americano tem presenciado diversas manifestações tanto da oposição ao antigo governo de Evo Morales, quanto de apoiadores do ex-presidente.
Os protestos foram iniciados durante as últimas eleições realizadas no dia 20 de outubro. Na ocasião, tanto a oposição quanto a Organização dos Estados Americanos (OEA) acusaram o governo de Evo Morales de fraude.
Em seguida, Evo Morales anunciou novas eleições, ao passo que anunciou sua renúncia e se refugiou no México.