"É uma mensagem de solidariedade aos povos que reivindicam o direito de autodeterminação e a soberania de seus países, o direito de controlar seus recursos naturais e de se expressar econômica, política e socialmente", afirmou o sindicalista e acadêmico.
Regan abriu a conferência, que reuniu mais de 300 pessoas na Casa dos Amigos, em frente à estação londrina de Euston, neste sábado.
O sindicalista argentino Edgardo Llano participou da sessão plenária com a ativista boliviana Miriam Amancay Colque e, entre outros, o deputado trabalhista britânico Richard Burgon, que enviou uma mensagem em vídeo, dada a proximidade dos órgãos legislativos do Reino Unido em 12 de dezembro.
Llano se referiu ao "triunfo da liberdade" do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que despertou as esperanças de muitos no Brasil e no resto do continente.
"Queremos a liberdade de toda a América Latina e de todos os países oprimidos", afirmou ele, que é secretário-geral da Associação de Pessoal Aeronáutico (APA), em espanhol.
O sindicalista argentino alertou sobre a evolução da política de interferência dos Estados Unidos com seus vizinhos no sul do continente.
"Agora existem golpes da mídia para se apropriar de nossos recursos naturais", denunciou.
Llano descreveu Cuba como o "farol" da América Latina que "continua a resistir como nenhum outro país em defesa de sua dignidade e cultura".
Ben Chacko, diretor do jornal britânico Morning Star, acrescentou que as "revoluções" do outro lado do Atlântico são uma fonte de "inspiração para o Reino Unido, principalmente diante das eleições gerais".
Divisões no Reino Unido
O governo conservador do Reino Unido e o líder trabalhista Jeremy Corbyn assumiram posições opostas com relação à Bolívia (e antes sobre a Venezuela), com os conservadores apoiando a autoproclamada presidente boliviana Jeanine Añez, e os trabalhistas condenando o "golpe contra os bolivianos".
"Há muitas implicações na política externa nessas eleições", comentou Regan à Sputnik.
Também pesquisador da Universidade de St. Mary, no oeste de Londres, Regan teme uma abordagem praticamente indivisível de seu país com os Estados Unidos se "os conservadores forem reeleitos e deixarem a União Europeia".
"Estou preocupado que os acordos comerciais [depois do Brexit] provavelmente estejam condicionados ao Reino Unido desempenhando um papel muito mais próximo dos EUA na política externa, não apenas no que diz respeito à América Latina, mas também ao Irã e à Palestina", avaliou ele, que é ainda vice-presidente do Campanha em Solidariedade com Cuba e autor de "The Balfour Declaration", livro sobre responsabilidade britânica no Oriente Médio.
A Conferência Latino-Americana, desta vez com o lema ¡Adelante! (Adiante!), preserva os objetivos de sua primeira edição há quase 15 anos.
"Ela foi formada em 2005 com a esperança de oferecer uma plataforma em Londres às vozes latino-americanas, contrariando as falsidades que a mídia pública sobre os eventos de lá, e abrindo oportunidades para discutir formas de solidariedade aos povos latino-americanos", resumiu o ex-coordenador do Executivo Nacional do Sindicato dos Professores.
O evento está estruturado em diferentes seminários nos quais participam os embaixadores de Cuba, Teresita Vicente, da Venezuela, Rocio Maneiro, entre outros diplomatas. Outra presença ilustre é a da sindicalista e ex-assessora nas negociações de paz na Colômbia, Mariella Kohon.
Também estão presentes como oradores o pesquisador canadense Keith Bolender, autor de "Manufacturing The Enemy: The media war against Cuba"; o advogado da equipe de Lula, Geoffrey Robertson; e Enrique Santiago Romero, secretário-geral do Partido Comunista da Espanha (PCE) e vice do Podemos Unidos.
Além disso, a plataforma Alborada está apresentando diferentes projeções dos documentários atuais.
De outro lado, alguns poucos manifestantes protestaram na porta da Casa dos Amigos contra "os mortos e presos políticos" na Nicarágua.