Compradores chineses arrematam às pressas 20 cargas de soja brasileira, devido a incertezas em relação ao suprimento norte-americano, reportou a Reuters.
"Comprar do Brasil provavelmente trará uma margem melhor neste momento. Há muita incerteza em relação aos fornecimentos dos EUA, então provavelmente é uma boa ideia garantir pelo menos um pouco [de soja] do Brasil", disse Darin Friedrichs, trader de commodities para a Ásia da empresa INTL FCStone.
De acordo com as traders, o bom preço do produto brasileiro também garante a vantagem do Brasil, em detrimento dos EUA, como principal fornecedor de soja para a China.
Compradores chineses diminuíram o volume de importação de soja norte-americana em função do aumento das tarifas de importação impostas ao produto. As tarifas podem ser levantadas caso China e Estados Unidos implementem a chamada "primeira fase" do acordo de comércio para mitigar os efeitos da guerra comercial.
Apesar dos líderes de ambos os países terem dado bons sinais em relação ao processo negociador, os mercados continuam inseguros em relação à normalização das relações entre as duas maiores economias mundiais.
Na China, criadores do maior rebanho suíno do mundo estão vendo o estoque de soja minguar, enquanto a guerra comercial com os EUA entra no seu 16º mês.
Comércio de soja entre Brasil e China
A soja é o principal produto exportado pelo Brasil, segundo os dados acumulados de janeiro a outubro deste ano publicados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
A China é o principal importador de soja brasileira: dos quase US$ 23 bilhões (R$ 96 bilhões) exportados no acumulado do ano, 76% tiveram como destino o gigante asiático.
No entanto, houve uma queda de cerca de 22% no faturamento das exportações de soja no acumulado do ano, até outubro de 2019, e de 26% nos embarques do produto para a China.
No mês de outubro, a China importou US$1,5 bilhão de soja brasileira, o que representa uma queda em relação ao mês anterior. Em relação a outubro do ano passado, a queda foi de 17%.
A queda é consequência da diminuição da demanda chinesa pelo produto, gerada, entre outros fatores, pelo surto de peste suína, que já reduziu o rebanho chinês em cerca de 40% no último ano.