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Em ritmo recorde, governo libera 57 agrotóxicos, chegando a 439 no ano

O número de agrotóxicos liberados no Brasil em 2019 chegou a 439, com a autorização do uso de mais 57 produtos, segundo anunciado nesta quarta-feira (27) pelo Ministério da Agricultura. 
Sputnik

Em 2018, houve 450 registros de agrotóxicos liberados, recorde desde que a contagem passou a ser feita, em 2005. O ritmo de liberação permanece o maior da série histórica.  

Do total liberado hoje, 55 são genéricos - feitos com base em ingredientes ativos presentes em produtos existentes no mercado, e dois inéditos. De acordo com a pasta, o objetivo da aprovação dos genéricos é aumentar a concorrência no mercado e diminuir o preço dos defensivos, provocando assim a diminuição de custos. 

O ministério explicou que 12 desses genéricos são "produtos biológicos ou orgânicos", que podem usados na agricultura orgânica e tradicional. 

Um dos produtos tem glifosato, que poderia provocar câncer

Um dos genéricos tem como ingrediente ativo o glifosato, agrotóxico mais vendido no mundo e que, segundo estudos, poderia ter relação com o câncer. Alguns países da Europa, como Áustria e Alemanha, decidiram bani-lo. 

Entre os inéditos está o defensivo agrícola biológico à base da vespa Telenomus podisi, usado para combater o percevejo marrom, praga da cultura de soja. 

"Atualmente, o percevejo marrom é uma praga de grande importância na cultura da soja, que só contava com opções químicas para o seu controle. Esta vespa parasita ovos do percevejo marrom favorecendo uma diminuição populacional da praga e aumentando o número de inimigos naturais no campo", disse por meio de nota o coordenador de Agrotóxicos e Afins do Ministério da Agricultura, Carlos Venâncio. 

Outro agrotóxico inédito é um produto de baixa toxicidade formulado à base de óleo de casca de laranja, que pode ser usado para combater o pulgão em pequenas culturas como alface, agrião, brócolis, couve, couve-flor, espinafre, repolho e rúcula.

Governo diz que velocidade de liberação é resultado de desburocratização

O ritmo da liberação vem gerando críticas de entidades de defesa do meio ambiente. Algumas organizações entraram na Justiça contra registros autorizados pelo Ministério da Agricultura. 

Na semana passada, um juiz federal do Ceará suspendeu provisoriamente o registro de 63 agrotóxicos liberados no dia 17 de setembro.

Segundo o governo, a maior velocidade na autorização da comercialização dos agrotóxicos se deve a medidas de desburocratização adotadas desde 2015 na fila de registros.

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