A decadência, contudo, não é nova. Mendonça avalia que desde o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, a influência do Brasil na política latino-americana está em queda, mas afirma que o quadro piora com Bolsonaro.
"O Brasil desde o final da Guerra Fria, na transição dos anos 1980 para os anos 1990, tem almejado ser uma liderança na região dada a quase ausência dos Estados Unidos no nosso bloco. É importante ressaltar que os presidentes que vieram na redemocratização tiveram um papel de grande relevância na constituição do Brasil enquanto potência e liderança, sobretudo no Cone Sul", diz o professor de relações internacionais da Ibmec em entrevista à Sputnik Brasil.
Mendonça diz que Bolsonaro quebra o princípio da não intervenção em assuntos internos de outros países quando expressa preferência em processos eleitorais alheios, como quando disse que o Brasil sofreria com ondas de refugiados caso a esquerda voltasse ao poder na Argentina e também quando elegeu seu candidato preferido na eleição do Uruguai.
Luis Lacalle Pou, o preferido de Bolsonaro, acabou eleito presidente do Uruguai, mas rejeitou o apoio do presidente brasileiro. Já na Argentina, a torcida não surtiu efeito e o esquerdista Alberto Fernández ocupará a Casa Rosada. Bolsonaro havia apoiado publicamente o atual presidente, Mauricio Macri, que acabou derrotado nas urnas.
"De forma não convencional, o Brasil tem declarado publicamente na política exterior posicionamentos [a favor de] regimes mais voltados à direita", diz Mendonça.
O professor da Ibmec ressalta que "pela primeira vez na história recente", um presidente brasileiro não cumprimenta o presidente da Argentina pela eleição e também se recusa a participar de sua posse.