A medida tomada pela empresa é um reflexo dos esforços de Caracas para evitar pagamentos em dólar e os efeitos das sanções econômicas, impostas no intuito de derrubar o presidente Nicolas Maduro.
Membros do governo teriam proposto verbalmente pagamentos em yuan, que seriam feitos para contas registradas na China, a pelo menos quatro empresas, conforme reportou a Reuters.
As entidades públicas venezuelanas tradicionalmente pagam seus fornecedores em bolívares venezuelanos ou em dólares norte-americanos. Mas a hiperinflação, aliada às sanções econômicas que limitam os negócios do país, levaram o governo a buscar novas soluções.
O pagamento em yuan permite à Venezuela utilizar os seus fundos aplicados na China, sem interagir com o sistema financeiro dos EUA.
A PDVSA e o Banco Central da Venezuela detêm contas em bancos chineses já há algum tempo, parcialmente em função de um acordo bilateral de empréstimos firmado há mais de uma década.
Estima-se que o Banco Central da Venezuela tenha pelo menos US$ 700 milhões em yuans em uma conta no Banco Central da China, que seriam fruto de exportações de petróleo feitas em 2019.
Receber pagamentos em moedas estrangeiras, ou em contas bancárias registradas fora do país, são "percalços com que alguns dos fornecedores devem lidar para serem pagos", disse Raul Gallegos, diretor para a região andina da consultoria Control Risks.
"Esse será o procedimento padrão enquanto Maduro e as sanções norte-americanas permanecerem", concluiu.
Anteriormente, havia sido reportado que a PDVSA optara por realizar seus pagamentos em euros, utilizando dinheiro vivo. Os euros teriam sido obtidos através da exportação de petróleo e de ouro.
A Venezuela está sob sanções norte-americanas desde 2014. Em 2 de agosto desse ano, os EUA anunciaram "sanções econômicas totais" contra o país, adotando a medida pela primeira vez em 30 anos.
Em 16 de agosto, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos expressou preocupação com as sanções "extremamente amplas" e previu um "impacto severo" sobre os setores "mais vulneráveis da população" do país, que "já sofre há muito tempo".
As fontes se recusaram a indicar a quais empresas teria sido feita a proposta. O Banco Central da China, a PDVSA e o governo da Venezuela não comentaram a informação.