A presença de médicos cubanos na América Latina se tornou praticamente regra desde 2004, quando o governo da ilha criou o programa Missão Milagre, que realiza convênios para o fornecimento de serviços de saúde a preços competitivos.
Cuba forma mais médicos do que a ilha demanda, por isso tem excesso de oferta de serviços de saúde. Alguns países da América Latina, como o Brasil, vivem a situação oposta: há excesso de demanda e número insuficiente de médicos para atendê-la.
Os convênios, no entanto, estão sendo cancelados por países com governos próximos a Washington: o Brasil cancelou o seu programa em 2018. Recentemente, em 13 novembro de 2019, o Equador fez o mesmo.
O governo de fato da Bolívia tomou medida similar, em 15 de novembro, e recebeu elogios do Secretario de Estado dos EUA, Mike Pompeo:
"A Bolívia agora se junta ao Brasil e ao Equador no reconhecimento de Cuba como uma ameaça à liberdade", declarou Pompeo.
O Chanceler cubano, Bruno Rodriguez, rebateu as declarações de Pompeo em um tweet:
O Secretário de Estado dos EUA ataca mais uma vez a cooperação médica internacional cubana. Tenta desviar a atenção e esconder a intervenção aberta e ingerência dos EUA na Bolívia, e fabricar novos pretextos para aumentar a agressão contra Cuba.
Em 2019, os EUA intensificaram a campanha contra o programa. Em julho deste ano, Washington acusou o programa de Cuba de promover o "tráfico de pessoas".
Cuba nega as acusações, alegando que os convênios trazem recursos essenciais para que a ilha "financie o seu próprio sistema de saúde amplo e gratuito", declarou a chancelaria.
Convênios vão contra embargo
Os Estados Unidos têm imposto sanções amplas à ilha de Cuba desde 1960, o que constitui no embargo comercial mais duradouro da história moderna.
O envio de médicos cubanos a países terceiros gera recursos para Cuba: segundo o governo de Havana, em 2018, Cuba arrecadou US$ 6,3 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões) com os programas de exportação de serviços de saúde.
A entrada anual desse montante em divisa estrangeira na ilha suaviza o impacto das sanções norte-americanas, neutralizando parcialmente os resultados da política dos EUA no longo prazo.
Os programas de exportação de serviços de saúde de Cuba existem há mais de 50 anos, mas foram intensificados após 2004. Em 2018, o país tinha cerca de 50.000 profissionais de saúde espalhados por 67 países.