Em conversas em recepção no Palácio de Buckingham nesta terça-feira (3), os líderes da França e Alemanha coordenaram posições. Os europeus devem dizer a Trump que não admitem ser tratados como parceiros menores da aliança.
Trump acusou os aliados de agirem como "delinquentes" por gastarem menos com defesa do que os Estados Unidos. Em resposta, a Europa, a Turquia e Canadá devem apresentar um prognóstico de gastos militares que atinge US$ 400 bilhões até 2024.
Meus comentários sobre a OTAN desencadearam reações diversas. Eu mantenho [os meus comentários]. Trata-se de um fardo que carregamos juntos: não devemos colocar dinheiro e pagar o preço com a vidas de nossos soldados sem ter uma ideia clara acerca de quais devem ser os princípios da OTAN. Amanhã eu irei defender os interesses da França e da Europa.
França e Alemanha também devem pressionar por maior presença da OTAN na África e no Oriente Médio, além da proposta já apresentada de reunir um "grupo de especialistas" para discutir a reforma da aliança.
De acordo com expectativas preliminares, o comunicado final da conferência deve reafirmar o compromisso com a defesa mútua e anunciar mobilizações adicionais das Forças Armadas britânicas para reforçar a capacidade de combate da Europa.
Pela primeira vez, o documento deve incluir o aumento dos gastos militares da China como objeto de preocupação e estipular que a aliança se prepare gradualmente para defender-se do gigante asiático.
Retórica dura
No entanto, a conferência deve contar com debates acalorados, tanto em função da polêmica declaração de Macron sobre "morte cerebral" da aliança, quanto pelas demandas da Turquia em relação às milícias curdas na Síria.
"Sou um político, então estou acostumado a ser criticado por boa retórica com mau conteúdo. Mas no caso da OTAN é o contrário: temos tido uma má retórica e um conteúdo excelente", disse o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, nesta terça-feira (3).
Emmanuel Macron também acusou a Turquia de trabalhar com afiliados do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e demais países) na Síria.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, interferiu para aplacar as tensões entre os países.
"A OTAN tem sobrevivido porque nós sempre tivemos conversas francas", disse Trudeau.
A Turquia exige que a OTAN classifique a milícia curda Unidades de Proteção Popular (YPG) como "organização terrorista". As YPG são a componente fundamental das Forças Democráticas da Síria (FDS), apoiadas pelos EUA.
Os líderes da OTAN estão reunidos em Londres para uma cúpula celebrada entre os dias 3 e 4 de dezembro em Londres. Nesta terça-feira (3), os líderes foram recebidos no Palácio de Buckingham pela rainha Elisabeth II.
Na quarta-feira (4), nas reuniões de trabalho devem ser discutidos temas como a China, a segurança cibernética e a presença da OTAN no espaço.