Houve uma explosão de casamentos homoafetivos após outubro, quando Jair Bolsonaro foi eleito presidente. Ao todo, foram registrados 9,5 mil uniões desse tipo em 2018. Entre janeiro e outubro, a média foi de 546 por mês; subindo para 957 em novembro e 3.098 em dezembro.
Os números foram divulgados nesta quarta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o órgão, o estudo apresenta números frios, não permitindo identificar o que causou a alta. No entanto, especialistas sobre a temática apontaram uma relação entre a subida de Bolsonaro ao poder e a explosão de casamentos.
O político do PSL ficou marcado por declarações consideradas homofóbicas ao longo de sua vida. Por isso, pode ter ocorrido um movimento dos casais para formalizar as uniões e garantir direitos.
Troca de alianças mais intensa e 'com pressa'
"Muitos casais formalizaram suas uniões com medo de que em breve isso não fosse mais possível", explicou a advogada Andressa Regina Bissolotti dos Santos, doutoranda em direitos humanos e democracia pela Universidade Federal do Paraná e integrante da Rede Lésbica Brasil, em entrevista publicada pelo portal G1.
O casamento civil entre pessoas do mesmo sexo foi autorizado pelo Conselho Nacional de Justiça em 2013, ano em que foram registradas 3,7 mil uniões no país. Na época, Bolsonaro se colocou contra a medida. Nos quatro anos seguintes, a média anual de casamentos foi de 5,4 mil. Até o momento, não houve nenhum movimento para cortar esse direito, o que precisaria ser aprovado pela Justiça.
Em 2018, entre as regiões brasileiras, o crescimento foi maior no Nordeste (85,2%) e menor no Centro-Oeste (42,5%). A prevalência foi entre casais de mulheres, que somaram 58,4% dos casos. As estatísticas, obtidas juntos aos Cartórios de Registro Civil de Pessoas Naturais, não incluem modalidades como união estável.