A missão, iniciada em 2018, efetuou medições a uma distância de apenas 24 milhões de quilômetros do Sol, ou seja, a metade da distância entre a estrela e Mercúrio, revelando que os buracos coronais poderiam ser a fonte de vento solar lento.
"Estas observações vão mudar fundamentalmente a nossa compreensão do Sol e do vento solar e nossa capacidade de prever eventos relacionados ao clima espacial", afirmou Justin Kasper, um dos autores do estudo, da Universidade de Michigan, em comunicado, citado pelo jornal The New York Times.
O cientista destacou que a sua equipe está "realmente surpreendida com quão diferente é a coroa quando é observada de perto em comparação como a vemos a partir da Terra".
Cientistas acabaram de anunciar as primeiras descobertas da sonda Parker em missão audaciosa rumo ao Sol. O que eles aprenderam mudou a nossa compreensão de como o Sol emite material e partículas, influenciando a Terra e todo o Sistema Solar.
Ao analisar os dados, os cientistas da NASA chegaram à conclusão de que o próprio campo magnético do Sol poderia desempenhar um papel fundamental no aquecimento da coroa solar que, por sua vez, produz vento solar, uma corrente de partículas que é expulsa pelo Sol e chega à Terra alguns dias mais tarde.
É conhecido que o chamado vento solar rápido, dono de uma velocidade entre 500 e 1.000 quilômetros por segundo, provém das manchas solares ou buracos nos polos norte e sul da coroa solar.
No entanto, até agora era desconhecida a fonte do vento solar lento, que é composto em sua maioria por prótons e núcleos de hélio que, quando acelerados, interagem com o campo magnético da Terra e causam o aparecimento de auroras boreais e austrais. Ainda assim, este vento também pode ser perigoso para as redes elétricas e de telecomunicações e para os satélites que se encontram na órbita terrestre.
"Os primeiros três encontros da sonda até agora foram espetaculares. Podemos ver a estrutura magnética da coroa, que nos indica que o vento solar está surgindo de pequenos buracos coronais, vemos atividade impulsiva, grandes jatos ou recuos que presumimos estarem relacionados com a origem do vento solar", explicou Stuart Bale, da Universidade da Califórnia.
Todavia, aquilo que realmente surpreendeu os pesquisadores foi uma série de giros no campo magnético solar. Trata-se de inúmeros giros de 180 graus.
"Estas interrupções provavelmente estão relacionadas a alguma espécie de jatos de plasma", opinou Bale.
Os astrofísicos descobriram também que a parte externa da atmosfera do Sol é 200 vezes mais quente que a sua superfície. A sonda Parker também descobriu que há uma forte presença de pó cósmico nos arredores do Sol. Os cientistas conseguiram até obter imagens em alta resolução do fluxo do pó solar.
Nos próximos anos, a sonda da NASA vai realizar várias missões até emergir na coroa solar em 2025, ficando dessa forma a apenas seis milhões de quilômetros da superfície do Sol.