Se, por um lado, países membros da OTAN acusam a Rússia de ser uma ameaça para a aliança, por outro, o aparato bélico de muitos de seus países membros está em estado precário, enquanto as tentativas de renovação dos meios têm sido atrasadas por uma série de defeitos.
Blindados obsoletos e caros
Um dos problemas da aliança tem sido a incapacidade de parte de seus blindados de comprovarem uma grande eficácia no campo de batalha.
Enquanto a França possui hoje o maior exército europeu da aliança, este conta com cerca de 400 tanques AMX-56 Leclerc. O veículo é munido com muitos sistemas eletrônicos e digitais, o que poderia ser sinônimo de eficácia.
Contudo, o Leclerc possui seu lado negro. A abundância de equipamentos eletrônicos a bordo tornou sua exploração complicada e caprichosa. Como exemplo, os sistemas eletrônicos só funcionam com determinados limites de temperatura, caso ela esteja fora do permitido, o computador do tanque deixa de funcionar.
Além disso, os tanques Leclerc praticamente não participaram de conflitos militares, enquanto depois de exercícios eles são retirados a reboque com certa frequência.
Apesar dos resultados, o preço do veículo junto com sua manutenção pode alcançar US$ 9 milhões (cerca de R$ 37 milhões). Por isso e por outras razões sua produção foi encerrada, embora no início estivesse planejada a produção de 1,5 mil unidades.
Por outro lado, outros países da OTAN, como a Polônia e a Romênia, ainda contam com uma grande quantidade de tanques de origem soviética que não passaram por quaisquer processos de modernização.
Como exemplo, dos mil tanques poloneses, somente 170 unidades estão relativamente prontas para o combate. O resto se encontra incapacitado ou na reserva de longo prazo.
Enquanto isso, a Romênia ainda opera velhos tanques soviéticos T-55 e a sua modificação local TR-85 Bizon. Entretanto, muitos países da aliança não possuem veículos blindados pesados, o que compromete a capacidade geral da força de blindados da OTAN.
Poder aéreo duvidoso
Por situação semelhante tem passado o poder aéreo da Alemanha, até agora considerado um dos mais significativos da OTAN.
Parte da Luftwaffe (como é chamada a força aérea do país) opera caças-bombardeiros Eurofighter Typhoon, os quais foram desenvolvidos ainda na década de 80.
Embora não seja considerado um caça de mau desempenho, menos de metade dos Typhoon alemães está em condições de voar, enquanto seus equipamentos de radar e navegação estão obsoletos.
Além disso, a Luftwaffe opera ainda caças Tornado, desenvolvidos na década de 70 e chamados pelos jornalistas alemães de "peças de museu".
Quanto ao poder de defesa antiaérea da OTAN, ele tem contado em grande parte com armamentos obsoletos e os sistemas americanos Patriot. Porém, após a ineficácia perante os ataques contra as refinarias de petróleo da Saudi Aramco em setembro passado, a eficiência do equipamento está em dúvida.
Navios com defeitos
Os problemas da aliança também afetam seu poder naval, temos como exemplo a redução considerável do número de unidades navais da Marinha Real britânica.
Ainda nos anos 90, o país contava com 138 navios e 33 submarinos. Hoje os britânicos possuem cerca de 60 navios de superfície e uma dezena de submarinos. Enquanto navios antigos são descomissionados, os mais novos deixam a desejar.
Como exemplo há o porta-aviões britânico HMS Queen Elizabeth, concluído ainda em 2017. No entanto, custando mais de £ 3 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões) o navio já foi mandado para o conserto após infiltrações terem sido registradas e um dos seus compartimentos ficar alagado.
De forma semelhante, o novíssimo submarino nuclear Vanguard, capaz de disparar mísseis balísticos, apresentou problema sério em suas soldas.
Por sua vez, a Marinha da Alemanha recebeu modernas fragatas da classe F125 com defeitos. Um exemplo é a Baden-Wurttemberg, a qual voltou para seu estaleiro de fabricação para ser reestruturada logo após ser lançada à água, fato nunca antes registrado na Marinha do país e que comprometeu o prazo de entrega das outras fragatas.
Sendo assim, os EUA continuam sendo o principal suporte da OTAN, ao passo que o presidente americano se mostra insatisfeito com o formato das relações entre o seu país e a aliança.