As demandas, incluídas em três projetos de lei distintos que devem ser harmonizados nesta semana, coloca em dúvida a avaliação da administração Trump acerca das possíveis reações de Rússia e China, caso os EUA não renovem o acordo, que expira em fevereiro de 2021.
O Tratado de Redução de Armas Estratégicas, conhecido como Novo START, estipulou teto para a instalação de armas nucleares de Rússia e EUA de 1.500 ogivas por país, a maior redução da história. O acordo pode ser renovado por mais cinco anos, mas, enquanto Moscou apoia a extensão imediata do tratado, Washington ainda considera o assunto.
O presidente dos EUA, Donald Trump, acredita que o acordo não abarca todos as classes de armamentos russos e manifestou desejo de incluir a China nos acordos de redução de armamentos nucleares. No entanto, a possibilidade de incluir a China neste tipo de acordo é muito reduzida, consideraram analistas ouvidos pela Reuters.
O arsenal nuclear de Pequim é significativamente menor do que o de Moscou e Washington. Estimativas da Federação dos Cientistas Americanos apontam que a China possua cerca de 300 ogivas nucleares, enquanto Rússia e EUA concentram mais de 6.000, sejam mobilizadas, armazenadas ou aguardando decomissionamento.
De acordo com o ex- secretário adjunto de controle de armamentos do Departamento de Estado dos EUA, Thomas Countryman, Pequim não teria incentivos para aderir aos tratados de controle de armamentos de Rússia e EUA.
"Seria possível oferecer à China que aumente seu arsenal para equiparar-se com o de EUA e Rússia, [ou] que EUA e Rússia reduzam os seus para equiparar-se ao arsenal chinês", enumerou Countryman, notando que somente a última opção seria aceitável para os chineses mas, "infelizmente, inaceitável para o Pentágono e para o Kremlin".
Os congressistas norte-americanos temem que a proposta de incluir a China nas negociações seja um instrumento para inviabilizar a extensão do tratado.
"O que nós não queremos é ver a China sendo usada como uma desculpa para destruir o [tratado] existente ou a sua potencial extensão", declarou o senado democrata Jeff Merkley.
Segundo ele, o Novo START é um "tratado com a Rússia que contribuiu para a segurança internacional e muito importante para a nossa sobrevivência".
Coluna no jornal norte-americano Washington Post publicada neste domingo (15) afirmou que Washington deveria aceitar a proposta russa de extensão do acordo, afirmando que o "Novo START é o último dos grandes acordos de controle de armas nucleares ainda em vigor, e deve ser creditado com mais cinco anos".
O acordo Novo START de redução de armas nucleares foi assinado em abril de 2010, pelos então presidentes Barack Obama e Dmitry Medvedev. O acordo reduziu pela metade o número de ogivas nucleares de ambos os países e instituiu sistema de inspeções mútuas.