Blindagem espessa, boa manobrabilidade, poder de fogo, pouco exigente e muito simples: exatamente há 80 anos, em 19 de dezembro de 1939, o tanque T-34 se tornou parte do arsenal do Exército soviético.
De rodas para esteiras
Em 1937, o escritório de projetos de veículos de Kharkov, na atual Ucrânia, recebeu a tarefa de desenvolver o tanque A-20 de rodas e esteiras, com um canhão de 45 mm. Ao mesmo tempo, os engenheiros criavam o tanque de esteiras A-32.
Ambos os veículos eram muito semelhantes visualmente. No entanto, a blindagem do A-32 era consideravelmente mais resistente que a do A-20. Além disso, o modelo possuía um canhão de 76 mm L-10, melhor que a do seu análogo, ao passo que era somente uma tonelada mais pesado que o A-20.
Durante seus testes, foi escolhido o A-32, apesar de ser mais lento e menos manobrável. No entanto, o tanque tinha potencial para aumentar sua massa e sofrer modernizações, o que permitia o fortalecimento de sua blindagem e armamento.
Sendo assim, o tanque sofreu leves modificações, tendo sua blindagem reforçada e sendo capaz de resistir a impactos de munições de calibre 37 mm. Além disso, sua massa alcançou 24 toneladas. Seu armamento era formado pelo canhão de 76 mm L-11 com um cano de 30 calibres e metralhadoras de calibre 7,62.
Kharkov – Moscou
Os primeiros dois exemplares prontos para uso foram montados na segunda metade de 1940.
Para demonstração para à mais alta liderança soviética, os veículos executaram uma jornada de 1,5 mil km por meios próprios desde Kharkov até Moscou, ida e volta.
Tomou parte no evento o engenheiro-chefe do projeto, Mikhail Koshkin.
Com uma potência de 500 cavalos, o motor do veículo possibilitou uma velocidade máxima de 54 km por hora, sendo que o T-34 superava diversos tipos de obstáculos pelo caminho.
Em um vídeo publicado no YouTube é possível ver um tanque T-34 restaurado por ocasião dos 80 anos da admissão ao serviço na Rússia.
Início da produção
Em 1940 o T-34 entrou em produção em série. No entanto, por falta de peças, a produção não atingiu os níveis esperados. Desta forma, das 600 unidades planejadas somente pouco mais de 100 saíram da fábrica.
No entanto, o veículo soviético não agradou de cara os tanquistas do país. A pouca visibilidade a partir do tanque e o pouco espaço interior foram razões de insatisfação.
Também em comparação com o tanque alemão Pz.III o soviético parecia ser inferior, tendo a transmissão, motor e velocidade inferiores aos do rival.
Desta forma, inclusive se pensou suspender a produção do veículo até a solução dos defeitos.
Aperfeiçoamento
Em janeiro de 1941, os projetistas realizaram modificações que resultaram no T-34M. O veículo se tornou mais comprido, alto e estreito. Surgiu uma torreta de comando e o número de projéteis para o canhão de bordo subiu para 100 unidades.
Além disso, o T-34 recebeu o canhão de 76 mm F-34, com um cano de 40 calibres. Além disso, o motor passou a ter potência de 600 cavalos.
Com o início da Segunda Guerra Mundial, a produção em série do veículo ficou comprometida, mas ao longo do conflito o T-34 gerou novas modificações, sendo que em 1944 surgiu o T-34-85, capaz de abater os mais novos tanques alemães Tigre e Panter, feitos para destruir o soviético.
Desta forma, o veículo passou a ter blindagem de 90 mm em sua parte frontal e 75 mm nas laterais. Também a sua tripulação aumentou, sendo que o comandante deixou de exercer a função de apontador.
A torre do comandante teve sua capacidade óptica melhorada e novas escotilhas surgiram para o escape da tripulação.
Além disso, no mesmo período, o tanque recebeu um canhão de 85 mm, feito na base de canhões antiaéreos. A nova arma permitia ao tanque perfurar os 100 mm de blindagem dos tanques alemães a uma distância de um quilômetro, enquanto a menores distâncias o tanque perfurava blindagens ainda melhores.
Popularidade
O T-34 teve mais de 84 mil unidades produzidas, sendo 25 mil delas fabricadas nos últimos anos da guerra.
Além disso, na sua base foram feitos outros blindados, como o OT-34, SU-85, SU-100 e a peça de artilharia SU-122.
O veículo também participou de muitos conflitos ao longo do século XX: no Oriente Médio, África, Ásia e América Latina, sendo que recentemente ele foi utilizado na guerra civil no Iêmen.