Funcionários aeroportuários de Lisboa explicam motivos que os forçaram a organizar a greve

A última sexta-feira de 2019 vai chegando ao fim em Lisboa com atrasos e cancelamentos de voos no aeroporto.
Sputnik

Os transtornos são resultado do primeiro dia de greve de funcionários da Portway, empresa que presta assistência em diversos setores operacionais da unidade.

Por volta das 18h, o painel das chegadas do aeroporto indicava que 11 dos 21 voos que deveriam pousar entre 18h30 e 19h30 no horário local tinham previsão de atraso. De acordo com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC), que representa os grevistas, oito cancelamentos foram confirmados só da empresa Easyjet. 

​A paralisação mobiliza funcionários da Portway em vários aeroportos de Portugal. Além de Lisboa, também há greve nos das cidades do Porto, Faro e Funchal, na Ilha da Madeira. Segundo a direção do SINTAC, são trabalhadores que atuam em setores como check in, recolha de bagagens, sinalização nas pistas de pouso, portas de embarque, acompanhamento de passageiros com mobilidade reduzida e ainda no load control.

"São eles que fazem um trabalho não só a nível técnico, mas de segurança extrema. É deles que parte a centragem de aviões, dizer onde se carrega, a medição de pesos que vão a bordo, e, neste momento, o setor está vazio. Quem está fazendo as folhas de carregamento e a assumir as responsabilidades são os comandantes das aeronaves", diz à Sputnik Brasil Fernando Simões, um dos dirigentes do SINTAC.

Mesmo com os impactos operacionais, o clima na área de desembarque do aeroporto de Lisboa era de aparente normalidade. Passageiros abordados pela Sputnik Brasil relataram não terem percebido transtornos na área interna, como nas esteiras para recolha de bagagem. No entanto, Fernando Simões alerta que o acúmulo de serviço pode complicar a situação já a partir da madrugada deste sábado. 

Funcionários aeroportuários de Lisboa explicam motivos que os forçaram a organizar a greve

A greve continua até o próximo domingo (29). De acordo com o representante, o motivo é uma série de incumprimentos contratuais por parte da empresa.

"Os trabalhadores que assistem pessoas com mobilidade reduzida são em regime de part time, contratados com menores taxas horárias, entre 4 e 5 horas, mas são esmagados a fazer 10 horas por dia e não recebem subsídio de alimentação como todos os outros, nem recebem salário como os outros", afirma Fernando Simões.

"Isso agrega-se aos efetivos, que têm condições cada vez mais degradantes, mais cargas horárias, menos tempo de descanso, e tudo culmina no não cumprimento do acordo que temos. A empresa descongela a tabela salarial, mas não cumpre o que é relativo a progressão de carreiras, causando atraso de anos na progressão de carreira dos trabalhadores."

O sindicato afirma não ter sido contactado pela Portway para nenhum tipo de negociação. Ao final dos três dias de greve, será feito um balanço, mas já com data para novas interrupções nos trabalhos. O SINTAC já entregou um pré-aviso de greve de 1 de janeiro a 31 de março para trabalhos suplementares, horas extras e fins de semana.

A Sputnik Brasil tentou contato ao longo da tarde com a Portway e com a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), mas nenhum dos telefonemas foi atendido nem houve resposta aos e-mails enviados.

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