Seis descobertas da última década que mudaram a ciência para sempre

O ser humano sempre se interessou por tudo o que o rodeia, tanto pelo ambiente como por seu organismo, por seu passado e por aquilo que pode mudar seu futuro.
Sputnik

Confira as maiores descobertas da ciência da última década que não só tiveram grande influência nos instrumentos de pesquisa, como também mudaram nossa visão do mundo.

Há vida em Marte? Ao menos houve

Atualmente Marte é o planeta mais pesquisado pelos humanos. A sonda da NASA Curiosity envia permanentemente fotos da superfície do Planeta Vermelho.

Logo após o pouso em 6 de agosto de 2012, o rover de seis rodas descobriu seixos arredondados na superfície marciana, o que prova que no planeta existiram rios há bilhões de anos. Depois, as provas se multiplicaram, mostrando que já houve muita água em Marte: a superfície do planeta foi coberta por fontes termais, lagos e talvez até por oceanos.

Seis descobertas da última década que mudaram a ciência para sempre

Em 2018 o satélite Mars Express obteve fotos da cratera Korolev, com 81 quilômetros de diâmetro, coberta por uma camada de gelo de 1,8 km de profundidade.

Em 2014 foi descoberto um complexo de moléculas orgânicas, que a NASA chama de blocos que constroem a vida. A busca de vida em Marte será continuada por novas sondas lançadas já neste ano.

Einstein prognosticou, agora foi visto

O telescópio Kepler foi lançado em 2009 e, desde então, ajudou os cientistas a descobrir mais de 2.600 exoplanetas, ou seja, planetas fora do nosso Sistema Solar.

Entretanto, uma reviravolta na astrofísica esperava a humanidade em 2019. Em janeiro de 2019, cientistas apresentaram a primeira foto de um buraco negro situado no cento da galáxia Messier 87. A foto foi feita pelo Event Horizon Telescope – Telescópio do Horizonte de Eventos.

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Desde 1960, a existência de buracos negros era considerada indiscutível devido aos resultados de pesquisas e observações. Entretanto, ver o fenômeno, um buraco no espaço-tempo, o que era somente prognosticado pela Teoria de Relatividade de Albert Einstein, parecia algo impossível. Era assim até 2019.

Ouviu falar do CRISPR?

Na última década, a biomedicina foi dividida em duas eras – antes do CRISPR e após o CRISPR, Sistema de Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas, a base da tecnologia de edição genética. "A edição do genoma baseada no CRISPR está acima de todas as outras", disse William Kaelin que ganhou Nobel de Medicina em 2019.

Esse instrumento, que usa o sistema imunitário de defesa das bactérias para editar genes de outros organismos, foi desenvolvido em 2012 por Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudn.

O sistema é mais fácil e barato em comparação aos antigos, mas não é perfeito. Especialistas acreditam que foi isso que aconteceu com os gêmeos nascidos na China em 2019 como resultado das edições feitas por um pesquisador, criticado por ignorar as normas éticas e científicas.

Entretanto, a descoberta continua sendo uma das maiores da ciência dos últimos anos e, segundo o autor deste sistema, pode dar origem a uma "explosão" no combate às doenças humanas.

Combatendo o mais perigoso

Durante décadas a humanidade tinha três meios principais para combater o câncer: a cirurgia, a quimioterapia e a radiação. Em 2010 o mundo soube de outro, cuja existência estava sob dúvida: a imunoterapia, que ativa o sistema imunológico do organismo para que ele ataque as células tumorais.

Uma das técnicas mais avançados é a terapia de "CAR T-cell" em que as células T, partes do sistema imunológico, são coletados do sangue, modificadas e reimplantadas no organismo.
Seis descobertas da última década que mudaram a ciência para sempre

Segundo William Cance, diretor científico da Sociedade Americana de Câncer, a próxima década pode trazer novas imunoterapias, melhores e mais baratas do que as existentes.

Mais parentes

A década começou com uma nova e importante adição à árvore genealógica humana: o hominídeo de Denisova, ou Denisovan, do nome da caverna onde os restos foram encontrados nas montanhas Altai da Sibéria.

Em 2010 os cientistas analisaram o DNA de um osso do dedo de uma mulher Denisovan e descobriram que era diferente geneticamente dos humanos existentes e de seus "primos" antigos, os homens de Neandertal. Os restos desta espécie foram encontrados só na região de Altai e Tibete.

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Também foi descoberto que nossos antepassados se reproduziram com homens de Neandertal, e que os nossos parentes longínquos não eram os simplórios brutais que anteriormente se pensava, sendo sim responsáveis por obras de arte, tais como as marcas de mãos em uma caverna espanhola.

Depois, na África do Sul foram descobertos restos de Homo naledi, enquanto cientistas nas Filipinas classificaram outra espécie encontrada lá, o Homo luzonensis, de pequena estatura.

Inteligência artificial: fazer tudo que humanos fazem

O aprendizado automático e inteligência artificial, tão conhecidos hoje, chegaram ao palco no início da segunda década do século XXI. O aprendizado automático impulsiona hoje tudo, desde assistentes de voz até as recomendações no Facebook. O aprendizado profundo (deep learning) ganha mais e mais espaço nas tecnologias modernas, tentando pouco a pouco copiar a complexidade do cérebro humano.

Sistema de reconhecimento facial e traduções de voz em tempo real – isso chegou à nossa vida quotidiana só nos últimos anos.

"Certamente a maior inovação nos anos 2010 foi o aprendizado profundo - a descoberta de que as redes neurais artificiais podem ser escaladas para muitas tarefas do mundo real", disse Henry Kautz, professor de ciências computacionais da Universidade de Rochester.

Max Jaderberg, cientista do DeepMind, diz que o próximo grande salto virá através de algoritmos que "podem aprender a descobrir informações, rapidamente se adaptar" e agir se baseando nesse novo conhecimento, sem depender dos humanos para os alimentar com dados corretos.

Isso poderia abrir o caminho para a "inteligência geral artificial", ou uma máquina capaz de realizar qualquer tarefa que os humanos possam fazer, em vez de se especializar em uma única função.

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