Em Dourados, que fica a 210 quilômetros de Campo Grande, um conflito entre indígenas e seguranças de fazendeiros nesta sexta-feira (3) deixou três pessoas feridas a bala.
Duas vítimas são índios, que foram levadas para atendimento pelo Samu, e a outra é um funcionário, que de acordo com os bombeiros foi encaminhado para um hospital.
A fazenda onde ocorreu o episódio fica nas proximidades do centro de Dourados. A área, considerada tensa, é alvo de disputa fundiária entre fazendeiros e indígenas.
Houve um incêndio na pastagem da propriedade, que foi parcialmente controlado pelos bombeiros. De acordo com informações da mídia local, os indígenas, que reivindicam a posse da terra, teriam iniciado o fogo.
Ataque contra local sagrado da etnia Guarani Kaiowá
Além disso, o Centro Indigenista Missionário (Cimi) denunciou que um local sagrado para a etnia Guarani Kaiowá, a Casa da Reza, na comunidade Laranjeira Nhanderu, em Rio Brilhante, a 160 quilômetros de Campo Grande, foi incendiada e destruída na virada do ano.
De acordo com a organização, no dia seguinte, 2 de janeiro, homens não identificados atacaram indígenas da comunidade a tiros e invadiram casas que estavam vazias após a fuga de seus moradores.
"Estão dizendo que tem índio Guarani Kaiowá envolvido com a queima da Casa de Reza. É notícia falsa, denúncia errada. Ninguém sabe quem foi que colocou fogo. Vimos aqui foi capanga, que a gente chama de pistoleiro, não indígena. Isso machuca e revolta a gente porque vivemos todo dia o genocídio, a violência, o racismo e sempre procuram um jeito de dizer que isso é culpa da gente mesmo", disse uma liderança indígena não identificada, segundo publicado pelo site do Cimi.
De acordo com o Conselho, a comunidade Laranjeira Nhanderu foi retomada pelos indígenas em outubro de 2018 e pouco mais de 30 famílias indígenas vivem na comunidade.
Organizações denunciam escalada de violência
Segundo organizações de direitos humanos, os conflitos fundiários e os ataques contra indígenas vêm aumentando no Brasil. Em dezembro do ano passado, o ministro da Justiça, Sergio Moro, autorizou o envio de tropas da Força Nacional para a região do Maranhão, onde dois índios da etnia Guajajara foram assassinados na BR-226.