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Fazendeiros dos EUA preveem ano difícil apesar de acordo com China

Fazendeiros norte-americanos estão indecisos sobre qual a melhor cultura para plantar em 2020. Incertezas sobre o acordo comercial com a China e a nova rodada de subsídios do Estado estariam freando investimentos na produção.
Sputnik

Nos estados norte-americanos do Texas, Colorado e Kansas, fazendeiros estudam qual a cultura ideal para cultivar no ano de 2020: milho ou sorgo – uma opção mais barata, que exige menor investimento inicial.

Os fazendeiros norte-americanos enfrentam não só dois anos de guerra comercial com a China, o que comprometeu seriamente suas vendas externas, mas também uma das piores colheitas das últimas décadas.

No mês passado, o presidente Donald Trump anunciou a Fase 1 de acordo com a China, na qual o gigante asiático teria se comprometido a dobrar seu volume de compras dos EUA, baseando-se nos níveis pré-guerra comercial. No entanto, Pequim ainda não confirmou a assinatura do documento, o que deixou os fazendeiros dos EUA bastante apreensivos:

"O presidente Trump disse que nós vamos precisar comprar tratores maiores. Eu não acho que os fazendeiros vão investir muito dinheiro até vermos que este é um acordo final e de longo prazo", disse o fazendeiro Justin Sherlock à Reuters.

Especialistas apontam que o acordo não deve resolver todos os problemas da agricultura norte-americana, uma vez que a China buscou novos fornecedores durante esses dois anos de embate comercial.

Pequim aumentou suas compras de potências agrícolas como o Brasil e a Argentina. O Brasil deve expandir sua produção de soja após vendas recorde para o seu principal parceiro comercial. Investimentos chineses em infraestrutura portuária na América do Sul indicariam um interesse de longo prazo por parte de Pequim.

Fazendeiros dos EUA preveem ano difícil apesar de acordo com China

Além disso, a demanda chinesa por soja e sorgo diminuiu, em função da epidemia de gripe suína, que assolou o rebanho do país. A China importa grãos principalmente para uso como ração animal. A indústria de ração animal chinesa, por sua vez, modificou a composição de seus produtos para diminuir a demanda por grãos importados dos EUA.

"Nós não iremos retornar imediatamente aos níveis de 18 meses atrás, talvez por muito tempo", declarou Jay Debertin, diretor executivo da cooperativa CHS Inc.

Subsídios do governo

No ano passado, a Casa Branca liberou cerca de US$ 24,5 bilhões (cerca de R$ 98,6 bilhões) em subsídios a fazendeiros, numa tentativa de compensar as perdas incorridas pela guerra comercial com a China.

Os pagamentos incentivaram os fazendeiros a manter a cultura da soja, mesmo cientes da dificuldade que teriam em vendê-la. Os pagamentos do governo devem representar cerca de um terço da receita líquida dos fazendeiros norte-americanos em 2019.

Fazendeiros dos EUA preveem ano difícil apesar de acordo com China

No entanto, a administração Trump ainda não confirmou se pagamentos similares serão efetuados em 2020. O economista chefe do Departamento de Agricultura dos EUA teria dito que a expectativa é de que o acordo com a China resolva as dificuldades enfrentadas pelos fazendeiros.

No entanto, agricultores de regiões voltadas à exportação dizem que não poderão continuar vendendo sua colheita abaixo do preço de produção sem a ajuda de mais subsídios governamentais.

"Se o governo não nos pagar, acabou para nós", disse Sherlock, que não votou em Trump em 2016 e ainda não tem candidato para 2020.

No entanto, de acordo com pesquisas conduzidas pela Reuters e por veículos de mídia especializados, a maioria dos fazendeiros deve apoiar Donald Trump em sua campanha para a reeleição.

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