Acordo nuclear com Irã morreu porque Europa não o salvou, diz deputado alemão

O Plano Conjunto de Ação Integral (JCPOA) sobre o programa nuclear iraniano está morto porque os países europeus não fizeram nada para salvá-lo, declarou o porta-voz do partido A Esquerda (Die Linke) no Bundestag (Parlamento alemão), Alexander Neu.
Sputnik

Em maio de 2018, os EUA deixaram o JCPOA e restauraram sanções contra o Irã, alegando que o país ainda estava desenvolvendo armas nucleares. Ao mesmo tempo, os signatários europeus anunciaram que aspiram manter esse plano.

Em maio de 2019, um ano após a retirada dos EUA, o Irã começou a reduzir gradualmente o cumprimento de seus compromissos nucleares.

"O acordo está em princípio morto porque os EUA se retiraram unilateralmente em maio de 2018, violando a resolução do Conselho de Segurança da ONU, e em grande parte também porque os signatários europeus - Alemanha, França e Reino Unido - prometeram seu apoio ao Irã, mas não o emprestaram e se subordinaram à linha imposta pelos EUA", afirmou o deputado.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também declarou que os países garantidores precisavam deixar o JCPOA para começar a elaborar um novo acordo com Teerã.

As relações entre os EUA e o Irã pioraram ainda mais após o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani como resultado de uma operação especial dos EUA no Iraque, na última sexta-feira, em Bagdá.

Em resposta, o Irã lançou foguetes em algumas bases iraquianas nas quais o contingente militar dos EUA está alojado, sem causar vítimas humanas, de acordo com Washington, que depois declarou que não deseja usar seu poder militar e que as sanções econômicas são o melhor recurso para conter o Irã.

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Parlamentar critica postura da UE

O ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, interpretou essas palavras de Trump como uma distinção notável e apontou que o diálogo sobre o JCPOA é necessário porque até agora garantiu a renúncia do Irã ao desenvolvimento da arma nuclear.

Maas, ao mesmo tempo, simpatizou com Trump na questão dos "foguetes balísticos do Irã", disse que a União Europeia (UE) em mais de uma ocasião criticou esse programa e a política regional de Teerã.

"Com as críticas dirigidas ao Irã, cria-se a impressão de que apenas a República Islâmica persegue seus interesses na região, enquanto os EUA e a UE não os possuem", comentou Neu ao destacar a falsidade dessa política.

O Parlamento do Iraque tomou a decisão de expulsar tropas estrangeiras do país após o assassinato de Soleimani.

No Iraque, em particular, os soldados alemães fazem parte da coalizão antiterrorista liderada pelos EUA e também de uma missão de treinamento militar iraquiana. Parte deles se mudará para o Kuwait e a Jordânia, informou a agência de notícias dpa, citando um documento dos Ministérios de Relações Exteriores e da Defesa.

"A Esquerda, desde o início, decidiu contra o envio [de tropas] ao Iraque, até entrou com uma ação no Tribunal Constitucional, observando que isso violava o direito internacional e a Constituição do país, mas sem resultado", lamentou Neu.

Na sua opinião, é improvável que a decisão do Parlamento iraquiano sobre a expulsão de tropas estrangeiras seja efetivada, porque há uma forte pressão dos EUA e dos países europeus sobre o governo do Iraque.

"Os Estados Unidos e os europeus, em vez de contribuírem para a normalização na região, são seu maior problema, pois levaram o caos a um território da Líbia ao Paquistão", concluiu.

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