Exército dos EUA começa destruição de seu estoque de armas químicas

Foi anunciado nesta terça-feira (21) que em um depósito de desmantelamento de armas químicas do Exército americano, no Kentucky, se iniciou o processo de destruição de munições contendo gás sarin.
Sputnik

As munições carregadas com o agente nervoso e letal sarin serão eliminadas em um processo automatizado de duas etapas em um depósito de armas norte-americano situado no estado de Kentucky.

Segundo Candace Coyle, gerente de projeto da planta experimental de destruição de agentes químicos do Depósito de Armas Blue Grass, foi assim dado um importante passo "para eliminar o estoque total de armas químicas no Kentucky" e fazer da região em torno de Blue Grass "um lugar mais seguro para se viver".

Dúvidas sobre a real dimensão do arsenal

No depósito de armas do Exército denominado Blue Grass estavam armazenadas inicialmente 523,4 toneladas de armas químicas que compreendiam munições de artilharia de 155 milímetros contendo gás mostarda (ou mostarda H) e agente nervoso VX, projéteis de gás sarin de 203 milímetros e foguetes M55 com ogivas de sarin e VX, de acordo com a mídia. Também é referido que mais de 101.000 munições constituiriam o restante arsenal de armas químicas.

O processo de desmantelamento do estoque de armas químicas em Blue Brass se iniciou em junho de 2019 com a destruição dos projéteis de gás mostarda e até hoje terão sido suprimidas aproximadamente 15,8 toneladas de agentes químicos, segundo o site da referida instalação.

Na semana passada, foi dado início à destruição total das munições contendo sarin, de acordo com informação divulgada esta terça-feira (21) pelo referido site.

Como se eliminam as armas químicas

O processo de destruição em duas etapas consiste primeiro na neutralização e depois no recurso à técnica de oxidação em água supercrítica (SCWO, na sigla em inglês).

Como nos explica o site, a neutralização começa pela separação e drenagem do componente explosivo do agente. Depois é neutralizado com recurso a uma mistura poderosa de água quente e hidróxido de sódio – uma substância altamente cáustica, frequentemente utilizada em limpezas industriais de elevada complexidade. O produto hidrolisado resultante desta mistura é testado para garantir que o agente químico foi destruído antes de ser dado o passo seguinte.

Uma vez confirmada a eliminação do componente químico, a munição é transferida para as unidades de SCWO para ter seus materiais orgânicos destruídos. "A SCWO submeterá os hidrolisados a temperaturas e pressões muito altas, decompondo-os em dióxido de carbono, água e sais", segundo se explica no site.

Os resíduos metálicos das munições são por sua vez reciclados após terem sido submetidos a uma temperatura superior a 540 graus Celsius durante pelo menos 15 minutos, para assegurar a "descontaminação térmica".

Crescem dúvidas sobre o empenho dos EUA

Apesar da assinatura pelos EUA na década de 1990 da Convenção sobre Armas Químicas – que proíbe a produção, desenvolvimento, uso e estocagem de armas químicas em larga escala – o país não só foi incapaz de cumprir o prazo limite de destruição, estipulado até 2012, como tem suscitado sérias dúvidas quer a nível interno quer externo da sua real intenção de cumprir com os termos da Convenção.

Suspeições não corroboradas pelo líder da maioria republicana no Senado e senador pelo Kentucky, Mitch McConnel, que, aquando de uma visita a Blue Grass em maio de 2019, afirmou que "agora, depois de muitos anos, a segurança pela qual trabalhamos tanto está finalmente à vista", apesar de reconhecer que não estava inicialmente bem ciente de que se chegaria a esse dia.

Espera-se que todo o arsenal de armas químicas do Depósito do Exército de Blue Grass esteja completamente destruído até 2023.

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