De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, deputados do centrão buscam diminuir o alcance do ex-partido presidencial. O PSL ocupa a presidência de três comissões: Comissão de Controle e Justiça (CCJ), Relações Exteriores e Fiscalização Financeira.
A CCJ é a mais importante das comissões da Câmara dos Deputados já que todos os projetos precisam de seu aval para tramitar.
"O tamanho e o espaço do PSL terão de ser readequados", disse o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) à Folha de S. Paulo.
O cientista político e professor emérito da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer avalia que a pressão é uma "consequência lógica do enfraquecimento" do PSL com a perda de cadeiras causada pela saída de Bolsonaro.
O PSL é a segunda maior bancada da Câmara, mas pode perder até 30 de seus 52 deputados para a Aliança de Bolsonaro. A maior bancada da Câmara é do Partido dos Trabalhadores (PT).
"Se o centrão se manter coeso, pode fortalecer o governo na Câmara. Eu não sei se isso vai acontecer também no Senado porque o PSL não tem uma bancada muito grande no Senado, mas isso pode reorganizar a base de apoio de Bolsonaro dentro da Câmara", diz Fleischer à Sputnik Brasil.
O deputado Jerônimo Goergen é integrante de um dos partidos do centrão, o Partido Progressista (PP), mas esclarece que vê sua postura como "independente" da orientação partidária. Em entrevista à Sputnik Brasil, Goergen diz que será difícil o PSL resistir à ofensiva que enfrentará.
"Toda ação tem uma reação, uma consequência que foi causada pelo próprio PSL, essa briga que eles fizeram, a criação de um novo partido", diz o deputado do PP à Sputnik Brasil. "Os espaços vão ser realocados, o partido deixa de ser o maior e consequentemente aqueles que tem mais peso político vão buscar ocupar o espaço."
O deputado também destaca que, em um ano em que Bolsonaro precisará do Congresso para aprovar projetos de reforma administrativa e tributária, a coordenação política do Palácio do Planalto deixa a desejar. "O problema de Bolsonaro não é partido, é a condução de articulação política que o Palácio precisa rever. O Palácio não tem habilidade política para a construção desse diálogo como deveria acontecer."
A Aliança pelo Brasil ainda não foi reconhecida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e dificilmente conseguirá seu registro a tempo das eleições municipais de 2020.