'Acordo do século': Trump revela detalhes de plano de paz para Israel-Palestina

Após reuniões com o premiê israelense, Benjamin, Netanyahu e o líder da oposição de Israel, Benny Gantz, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revelou os primeiros detalhes do acordo de paz dos EUA para conflito Israel-Palestina.
Sputnik

Trump anunciou que o plano estipula que Jerusalém será a capital israelense e que os assentamentos de Israel na Cisjordânia seriam reconhecidos pelos EUA. Em troca, Israel congelaria a construção de novos assentamentos nos territórios palestinos por quatro anos enquanto corre a negociação do acordo e os EUA abririam uma embaixada para a Palestina na região oriental de Jerusalém.

Segundo Trump, a proposta dos EUA "mais que dobraria" o território palestino atual.

"Minha visão apresenta uma oportunidade em que ambos ganham, uma solução realista de dois estados que resolve o risco do Estado palestino para a segurança de Israel", disse Trump em entrevista coletiva.

Trump também anunciou a criação de uma comissão conjunta com Israel.

"Nós formaremos uma comissão conjunta com Israel para transformar o mapa conceitual [do plano] em uma versão mais detalhada e calibrada para que o reconhecimento possa ser alcançado imediatamente", acrescentou Trump.

O presidente dos EUA postou em sua conta no Twitter o que seria a visão conceitual do mapa de Israel e Palestina segundo o plano de paz proposto.

É assim que o futuro Estado da Palestina pode parecer, com a capital em partes de Jerusalém Oriental

​Segundo o plano, a Palestina seria reconhecida por Israel e teria direito a 70% da Faixa de Gaza, sendo que os outros 30% seriam direito de Israel. Em coletiva com Trump, Netanyahu também revelou que o plano pede a desmilitarização da Faixa de Gaza com o desarmamento do Hamas, que é apontado como um grupo terrorista no texto da proposta.​ O plano completo foi divulgado no site da Casa Branca.

Entre os líderes israelenses que participaram de reuniões separadas com Trump na segunda-feira (27), em Washington, apenas Gantz se comprometeu com o plano. Netanyahu e Gantz protagonizam a disputa eleitoral em Israel. Após duas eleições, em abril e setembro de 2019, nenhum deles conseguiu uma vitória definitiva. Uma terceira votação será realizada em março deste ano.

Plano não teve participação da Palestina

As autoridades palestinas se opuseram anteriormente ao plano e protestos em massa são esperados nos territórios palestinos, enquanto Israel prepara medidas de segurança. Uma das principais questões levantadas foi que a Palestina não participou das negociações.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, teria sinalizado um "Dia de Fúria" para a quarta-feira (28) em resposta ao plano de Trump, abrindo caminho para mais confrontos entre manifestantes e forças israelenses. Abbas também afirmou nesta terça-feira (28), ao comentar a divulgação feita por Trump, que os palestinos jogarão o plano de paz dos EUA na 'lata de lixo da História'.

Os palestinos cogitam desistir dos chamados acordos de Oslo, que criaram a Autoridade Palestina e regulam suas relações com o estado de Israel. Os acordos foram assinados na década de 1990 e criaram oficialmente a Autoridade Palestina, encarregada de governar os territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.

Trump acredita que Palestina aceitará seu plano

O presidente dos EUA se mostrou convencido de que os palestinos aceitarão seu plano. "Temos o apoio do primeiro-ministro [de Israel], temos o apoio de outros partidos e achamos que teremos o apoio dos palestinos, mas vamos ver", disse ele na segunda-feira.

O principal nome por trás da criação do plano é o genro de Donald Trump, Jared Kushner. A ideia inicial era publicá-lo após as eleições de abril de 2019 em Israel, mas o imbróglio político israelense atrasou o anúncio.

'Acordo do século': Trump revela detalhes de plano de paz para Israel-Palestina

Kushner revelou a parte econômica do plano, ainda em 2019, durante uma conferência no Bahrein, mas não conseguiu apoio dos palestinos.

Israel e Palestina estão envolvidos em um conflito desde o surgimento do estado israelense, em 1948. As administrações norte-americanas anteriores, alinhadas com a Organização das Nações Unidas (ONU), favoreceram um acordo que previa um Estado palestino independente na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, com sua capital em Jerusalém Oriental.

No entanto, Trump reverteu essa política e fez uma série de movimentos pró-Israel. Entre eles, a transferência da embaixada dos EUA de Tel-Aviv para Jerusalém e o reconhecimento da anexação das Colinas de Golã, feita ilegalmente por Israel na Síria, assim como dos assentamentos israelenses na Cisjordânia, também ilegais de acordo com o direito internacional.

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