Grécia reporta falta de corpos nas aulas de anatomia

Na Faculdade de Medicina de Salonica, Grécia, faltam cadáveres para formar futuros médicos, ficando os estudantes de medicina privados do estudo na prática do corpo humano.
Sputnik

O alerta partiu do Departamento de Anatomia Topográfica e Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Aristóteles em Salonica, que se viu obrigado a lançar uma campanha de sensibilização para a necessidade de as pessoas legarem seus corpos para fins educativos e científicos.

Como afirmou à Sputnik Grécia Konstantinos Natsis, diretor do Departamento de Anatomia, neste momento eles só dispõem de seis corpos nas geladeiras para as aulas práticas de 480 estudantes dos cursos de Medicina e de Estomatologia, para quem a disciplina de Anatomia se reveste de uma óbvia importância.

A situação agrava-se porque, por motivos de eficiência pedagógica, as aulas práticas de anatomia não devem ultrapassar uma vintena de alunos.

Grécia reporta falta de corpos nas aulas de anatomia

Tradicionalmente usavam-se corpos não identificados e não reclamados por familiares. Mas eles são cada vez menos. No caso dos primeiros, e devidamente salvaguardados pela lei, eles são embalsamados a expensas da universidade e guardados por 6 meses antes de serem usados nas aulas, precavendo o eventual aparecimento de familiares.

O diretor lamentou ainda não haver na Grécia, ao contrário de outros países europeus como a Alemanha, a cultura de as pessoas doarem em vida seu cadáver à ciência.

Por isso, como afirmou igualmente à Sputnik Grécia o diretor do Departamento de Ciências Médicas, professor Teodoros Dardavesis, por vezes tem havido necessidade de encomendarem corpos no estrangeiro, com o inerente desperdício de recursos. O ideal seria haver "um corpo por cada dois a quatro estudantes".

Assim, eles se viram na necessidade de optar por recorrer a partes de cadáveres vindas dos EUA para as aulas práticas de Ortopedia.

A campanha do departamento começa a surtir efeitos: cerca de 150 pessoas já decidiram doar voluntariamente o seu corpo post-mortem à Universidade. Os únicos requisitos são: não ter feito quimioterapia e não ser obeso.

Pela lei grega, a doação tem de ser feita em vida, não podendo acontecer por iniciativa dos familiares do defunto. É necessário baixar e preencher um documento da Universidade, ir com um familiar a um posto policial, assinar e reconhecer as assinaturas.

O professor Natsis concluiu considerando ser o testamento vital um exercício de cidadania e manifestação de humanismo, pois sem corpos não há aulas de Anatomia e sem isso é impossível formar médicos.

Comentar