O lago Baikal, com mais de 600 km de extensão, é o mais profundo lago de água doce do mundo, situando-se na Sibéria, Rússia, não muito longe da fronteira com a Mongólia.
Enormes anéis de gelo com diâmetro variando entre 5 e 7 km que surgem na superfície gelada do lago Baikal durante o inverno e a primavera siberiana, há décadas vêm intrigando os habitantes das imediações do lago.
O fenômeno tem sido igualmente objeto de curiosidade e estudos da comunidade científica, sem que se tenha logrado uma explicação cabal para a formação dos anéis.
Há registros do fenômeno no Baikal pelo menos desde 1969, com anéis que duram uns dias, outros vários meses.
O aparecimento dos anéis é imprevisível, surgindo em diversos pontos do lago e invariavelmente todos os anos, informa o portal Live Science.
Desde 2010 que um grupo de cientistas russos, franceses e mongóis uniram esforços e se empenharam em desvendar o mistério.
Realizando perfurações no gelo e colocando sensores na água, apuraram a existência de redemoinhos debaixo da superfície congelada, onde a temperatura da água era de um a dois graus Celsius superior à registrada ao redor dos anéis.
As correntes não são fortes no centro do fenômeno, o que explica uma maior espessura de gelo no núcleo do anel, sendo mais fina nas bordas.
Dados captados por 380 sensores e imagens de infravermelho obtidas por satélite mostram que os redemoinhos se formam na água durante o outono boreal antes do congelamento do lago. Fortes ventos desde uma das baías criam redemoinhos e formam os anéis no momento em que a água congela.
A espessura do gelo no lago Baikal durante o inverno é tanta que os motoristas mais audaciosos encurtam suas viagens, cortando caminho sobre o gelo.
Este hábito tem levado a muitos afundamentos de veículos e perdas humanas.
Por essa razão, adverte o autor principal do estudo, Aleksei Kuraev da Universidade de Toulouse-III na França, para o perigo de os anéis, pela sua extensão, serem invisíveis a olho nu, representando autênticas armadilhas para os motoristas.
Por isso, ele e o seu grupo de cientistas têm mantido atualizado uma página na Internet com a localização dos diferentes anéis, valendo-se de imagens de satélite, para que os motoristas consigam contorná-los.
Fenômenos semelhantes foram detectados pela equipe de cientistas no lago Hovsgol, na Mongólia, e no lago Teletskoe na república de Altai, na Rússia.